Número de filiados em partidos bate recorde no Paraná
Crescimento médio foi de 23% em um ano. PSDB é a legenda que mais cresce no Estado.
23/4/2018 | Política
Número de filiados em partidos bate recorde no Paraná Embora indicativos apontem para descrença da
população em partidos políticos e boa parte das legendas tenha sofrido desgaste nos últimos anos com
escândalos de corrupção, como revelados na Operação Lava Jato, o número de cidadãos filiados a
legendas partidárias cresce a cada ano. Em 2018, a quantidade de inscritos em partidos políticos no
Paraná chegou ao maior número já registrado. As listas atualizadas apresentadas por partidos no dia
13 de abril ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), uma semana após o encerramento da janela
partidária, mostram que o número de filiados nos 35 partidos com registro no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) passa de 1,3 milhão no Paraná, com crescimento médio de 23%.
A filiação
partidária é um dos requisitos para a candidatura, e o postulante deve estar filiado à legenda sob a
qual deseja concorrer à eleição com no mínimo seis meses de antecedência da realização do pleito,
que neste ano é em 7 de outubro. Segundo o TSE, de acordo com a lista mais recente entregue à
Justiça Eleitoral, o Brasil conta com 16.692.728 eleitores filiados a partidos políticos.
As
desfiliações registradas têm sido compensadas em número superior de novos filiados e o este ano
bateu o recorde do ano passado, quando havia pouco mais de um milhão de filiados. Os 35 partidos
somam até agora 315.998 filiados a mais do que havia no mesmo período do ano passado.
Entre
os responsáveis por número de filiações atípico está o Partido dos Trabalhadores (PT), que apesar da
condenação e prisão em Curitiba do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, maior líder da legenda,
conseguiu somar 23.886 novos filiados. Com esse crescimento de 23,4% desde o ano passado, o PT está
dentro da média geral, com uma retomada positiva. No ano anterior, o PT havia contabilizado um salto
negativo de 676 pessoas a menos em números comparados de 2016 para 2017. Antes disso, o PT já havia
tido redução no número de correligionários em 2006, 2009, 2011 e 2015.
Entre os quatro
partidos com mais filiados, no entanto, proporcionalmente, o PSDB, também com políticos envolvidos
em denúncias, é o partido que mais cresce. O Estado tem 30.676 novos tucanos neste ano. O número
representa um crescimento de 25,8% em um ano, sendo o único entre os quatro maiores que cresce acima
da média. O PSDB tem 118.782 filiados no Paraná.
O PMDB é o partido com maior número de
filiados. Embora também envolvido em escândalos de corrupção, a legenda, que no Paraná é comandada
pelo senador Roberto Requião, tem um saldo positivo de 52.282 filiações neste ano. No total, o PMDB
tem 240.901 filiados no Estado, quase o dobro do segundo maior partido, o PP, da governadora Cida
Borghetti. Entre os maiores partidos na lista, o PMDB, com crescimento de 21%, também é a legenda
que filiou mais pessoas. O PP tem 138.980 filiados e também teve crescimento, de18,7%, e conta neste
ano com 26.010 novos filiados.
Especialista alerta para
‘dupla filiação’ O cientista político Emerson Urizzi Cervi, professor da Universidade
Federal do Paraná (UFPR), diz que o Paraná está mantendo a tendência do Brasil, que é crescimento
dos partidos médios e dos novos partidos, mais acelerado do que os partidos tradicionais, embora
ainda tenham em números absolutos o maior contingente de filiados por terem um ‘estoque’. Segundo
ele, é possível considerar diversos fatores, como a média de crescimento ou a diferença entre o
total de filiados e o crescimento entre os que já tinham mais filiados.
“Primeiro, é ano
eleitoral. Uma parte desses filiados está se candidatando. Não é necessariamente uma preferência
pelo partido, relação ideológica (como eleitor). Para ser candidato no Brasil tem que estar filiado.
Até as eleições anteriores, a responsabilidade de fiscalizar a ‘dupla filiação’ era do partido, que
checava antes se a pessoa estava filiada em outro partido, pedia a desfiliação e filiava até abril.
Agora, com a reforma recente, isso passou a ser responsabilidade da Justiça Eleitoral. É possível
que dentro desses 23% (de crescimento médio) se tenha bastante gente em dupla filiação. Dupla
filiação de quem não é candidato não tem problema (para a Justiça Eleitoral). Mas o candidato com
dupla filiação terá o registro cancelado. E isso a gente só vai saber em agosto (prazo final para
registro de candidaturas”, exemplifica.
“Entre os partidos menores há crescimento maior no
número de filiações, mas isso também é relativo, diz Emerson Cervi. “Os partidos nanicos, menores,
cresceram mais que isso (23% de média). O PCO cresceu muito (de 11 para 70 filiados), mas isso é
efeito do ‘baixo n’. Não dá para pegar o porcentual, temos que olhar esse valor relativo”, afirma.