Esta reportagem da série Paraná
que Alimenta o Mundo vai mostrar o que a soja representa atualmente para o Estado. O cultivo do grão
ganhou espaço nos anos 1970, substituindo o café na preferência dos produtores paranaenses, depois
que a geada negra de 1975 destruiu o que era então a principal cultura do Estado. O Brasil já
superou há anos a produção de soja dos Estados Unidos e é hoje o maior produtor mundial. E o Paraná
se destaca no cenário nacional como o segundo estado com a maior produção, afirma o secretário
estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
De um acidente climático, que
foi a grande geada, a um intenso processo de mecanização, a soja se constituiu como a principal
cultura agrícola do Paraná. Tem o maior valor de produção, é o principal produto da exportação,
ocupa o maior espaço da agricultura e movimenta intensamente vários setores do Estado, explica
Ortigara. Para o consumo humano, a soja é usada na produção de óleo vegetal, mas o grão é
destinado, principalmente, para fabricação de rações, fortalecendo outra vocação do Paraná que é a
pecuária e a produção de proteína animal, diz.
O agricultor Valdomiro Rebellato é um dos
paranaenses que apostam no cultivo da oleaginosa desde os anos 1970. Conta com uma área de 345
hectares em Cascavel, na região Oeste, que foi colhida no início de março. Houve uma evolução muito
grande nessas últimas décadas e a tendência é produzir cada vez mais. Veio muita tecnologia,
variedades novas de sementes e muito conhecimento para o trato do solo, de maquinário, da época de
plantio. Quem investe tem retorno garantido, afirma.
PRODUÇÃO - O Paraná é o segundo maior produtor da commoditie no Brasil, atrás do
Mato Grosso, e também o segundo maior exportador. Em 2020, mesmo com uma pandemia em curso, o Estado
bateu recordes de produção, com aproximadamente 21 milhões de toneladas colhidas, de acordo com o
Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura E abastecimento.
Deste
total, 17,3 milhões de toneladas do complexo soja (grãos, farelo e óleo) foram para a exportação,
sendo 13,4 milhões de toneladas somente do grão. O valor de exportação superou os US$ 6 bilhões (R$
33 bilhões na cotação atual), o que representa 36,8% de toda a exportação paranaense e 17% de toda a
soja vendida ao exterior pelo Brasil.
Os dados foram compilados pelo Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), com base nas informações da Secretaria de Comércio
Exterior (Secex), do Ministério da Economia. Segundo o levantamento, o grosso da produção é
exportado para a China, que comprou 12,2 milhões de toneladas (70,6%) do complexo soja no ano
passado.
Os outros países compradores foram a Holanda, Coreia do Sul, França, Paquistão,
Bangladesh, Índia, Turquia, Alemanha, Tailândia, Polônia, Eslovênia, Espanha, Vietnã, Romênia,
Taiwan, Irã, Bélgica, Japão, Reino Unido e México.
VALOR DA
PRODUÇÃO - O Valor Bruto da Produção (VBP) chegou a R$ 19,94 bilhões em 2019, no último
cálculo do Deral, o que representa 20% de todo o VBP da agropecuária do Paraná. Entre as principais
regiões produtoras estão o Centro-Oeste, que na atual safra conta com uma área plantada de 690 mil
hectares e a previsão de colher entre 2,3 milhões e 2,6 milhões de toneladas; os Campos Gerais, com
área de 558,2 mil hectares e produção estimada entre 2 milhões e 2,2 milhões de toneladas; e o
Oeste, que cultivou 516 mil hectares e prevê uma colheita de 1,9 milhão a 2,1 milhões de
toneladas.
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