O movimento global União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) lança
este ano o Desafio dos 21 dias, pelo Dia Mundial do Câncer, lembrado hoje, 04.
O desafio faz
parte de uma campanha lançada em 2019, com o título "Eu sou, eu vou: Juntos, todas as nossas ações
são importantes", e destaca que o eu não significa somente indivíduos, mas qualquer cidade,
organização ou entidade que queira participar do esforço de conscientização e educação sobre a
doença. A campanha estimula também iniciativas que diminuam os índices de câncer no mundo.
No
Brasil, a campanha da UICC conta com o apoio da Fundação do Câncer, que está lançando também hoje
sua campanha 21 ações para 2021.
Em entrevista à Agência Brasil, o médico Luiz Augusto
Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, disse que o foco da campanha da fundação este ano
é incentivar as medidas de prevenção, para que se adotem hábitos de vida saudável. "A gente sabe que
isso corresponde a uma proporção muito grande de situações que podem diminuir entre 30% e até 50% os
casos novos de câncer anualmente, se todo mundo fizer", afirmou
Maltoni.
ParâmetrosA meta para este ano é estimular as pessoas a
adotarem esses novos hábitos de vida. Cada vez mais pensar em uma alimentação saudável, não fumar,
quem fuma deixar o hábito, evitar o excesso de bebida alcoólica, agregar atividade física regular.
Com isso, você também estará contribuindo para outros fatores de risco que são o sobrepeso e a
obesidade.
O tema da campanha 21 ações para 2021 é "Eu sou resiliente e vou inovar",
observando que apesar das dificuldades com a pandemia de covid-19, é possível e necessária a busca
pela saúde. O diretor da fundação lembrou que além da estimativa de surgimento de 625 mil casos
novos de câncer em 2021, no Brasil a população enfrenta uma pandemia de dimensão global.
A
cada mês, a Fundação do Câncer vai divulgar nas mídias sociais e em seu site vídeos, entrevistas,
lives e eventos. Haverá também divulgação de histórias de pacientes que conseguiram vencer doenças
como o câncer, a partir da mudança de hábitos de vida.
IncaO
Instituto Nacional do
Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, também aderiu à
campanha global. A instituição vai divulgar em sua página na internet os 21 desafios, um a cada dia,
com o objetivo de melhorar a saúde dos brasileiros, apoiar alguém com câncer e entender melhor a
doença.
A partir de hoje, 04, durante 21 dias, será colocado um desafio por dia na página do
Inca. Serão dadas dicas para cada desafio, diariamente, pela equipe do instituto. Se todo mundo
experimentar uma coisa diferente, nem que seja por um dia, quem sabe se anima a mudar o
comportamento para sempre em sua vida. Essa é a ideia da campanha, informou a chefe da Coordenação
de Prevenção e Vigilância do Inca, Liz Almeida.
Exames de rotinaAté novembro do
ano passado, a vida seguia normal para a jornalista Keila Mendes. Apesar de enfrentar um ano de
pandemia, com dois filhos em isolamento com ela tendo aulas online, a nova rotina já estava
estabelecida e ela continuava a tocar a vida. Mas, aos 41 anos, descobriu um câncer de mama em
estágio avançado. Ela conta que, ainda assim, o que a ajudou foi não ter se descuidado dos exames de
rotina.
Em setembro, apesar de ser um ano de pandemia, eu já tinha agendado a minha consulta
de rotina com o meu mastologista/ginecologista. Fiz todos os exames e o meu médico não percebeu
todas as alterações, apesar de já ter apresentado nos exames uma pequena alteração na mama
direita.
Mas Keila começou a ficar incomodada com o volume que estava sentindo. Comecei a
tocar. E aí resolvi ir em outra mastologista, dois meses depois. Ela pediu novamente uma
ultrassonografia, no local indicado por ela, pois essa médica já tinha percebido que tinha uma coisa
errada. Fiz a ultrassonografia com uma biópsia e dias depois saiu o resultado: dia 9 de novembro eu
fui diagnosticada com câncer na mama direita.
O exame detectou o carcinoma ductal invasor,
grau 3. O grau significa a agressividade e velocidade com que o câncer cresce e a possibilidade de
metástase. Meu oncologista disse que talvez esse tumor não tenha nem seis meses em mim, ele é de
rápido avanço mesmo. O câncer estava com o tamanho de 8 cm por 6,5 cm, já estava grande e tinha
chegado à axila, tudo bem que lá estava no grau 1, não tem metástase, mas já estava na
axila.
Cada paciente recebe um tipo de protocolo de tratamento. No caso de Keila, ela faz
primeiro as quimioterapias para reduzir o tumor. Meu protocolo são quatro quimioterapias vermelhas,
que são drogas mais fortes, e outras 12 brancas, que são drogas mais fracas. Como o tumor deu
positivo para hormônio, terei que fazer um bloqueio hormonal por dez anos [após o tratamento
inicial], mas aí já é com comprimido, detalha.
Até o momento, ela fez as quatro vermelhas e
quatro brancas. O tumor já está no tamanho de 1cm por 1 cm. No final de março, termino as quimio
brancas e farei uma cirurgia, provavelmente terei que retirar apenas o quadrante da mama direita e
será feito um estudo da axila, para só depois definir se vou precisar esvaziá-la.
Com
tantos procedimentos, a jornalista tem se cuidado bem para manter também a saúde mental. Tratar o
câncer é um procedimento bastante invasivo, que mexe demais com o emocional, sabe? Conto com o
auxílio de um psicólogo e até um psiquiatra que me indicou um remédio para ter uma sobriedade,
porque envolve muitos exames, muitas consultas, o processo é muito desgastante, não só de descobrir
uma doença tão séria como essa, mas por todo o procedimento que necessita ser
feito.
Ela conta ainda que além do lado emocional, tem cuidado bem do físico.
Estou com nutricionista especialista em oncologista, fazendo atividade física três vezes por
semana, que é de extrema importância, já que as drogas também atingem órgãos saudáveis, como o
coração, então é importante manter uma rotina de exercícios e cuidar da mente, porque a cura começa
pela mente. A minha [cura] já começou e é dessa forma que prefiro encarar esta minha
realidade.
Para ela, o suporte emocional é essencial. Foi importante nesse diagnóstico tão
repentino, porque meus exames estavam todos em dia, foi importante primeiro a minha atenção ao tocar
a mama, mesmo que meu médico tenha dito que estava tudo ok, por isso acho importante que as pessoas
não descuidem da saúde, mesmo sendo um ano de pandemia.
Além das precauções para a prevenção
contra o novo coronavírus, Keila agora dobra a atenção. Por ser paciente oncológico, tomo todos os
cuidados aonde vou, é super bem estudado isso antes. Mas, apesar desse cuidado todo, as pessoas não
podem se descuidar da saúde, mesmo sendo pandemia, precisa sim fazer os exames regulares, precisa se
tocar e se conhecer e também seguir o seu instinto.
Para ajudar outras pessoas, a jornalista
usa o seu perfil no Instagram (@keila.mendes_) a fim de chamar a tenção sobre o tema e sua
experiência com a doença. Tenho feito lives no meu Instagram, não para pacientes oncológicos, mas
para divulgar a minha história a pessoas que estão saudáveis. Se você parar para pensar, três meses
atrás eu estava bem, minha vida normal e eu achava que a minha saúde estava toda ok, e de uma hora
para outra tudo muda. Que esse 4 de fevereiro sirva para alertar a todos da nossa vulnerabilidade,
da necessidade que temos de nos olhar como prioridade e de olhar para o outro com empatia. Dias
difíceis virão, mas a certeza é de que depois virão dias de muita saúde.
Os 21 desafios
estabelecidos na campanha da UICC são: Coloque cor no seu prato, Cheque sua caderneta de vacinação,
Pratique meditação em movimento, Não esqueça o protetor solar, Faça um brinde saudável, Se conheça!,
Durma bem, Treine como campeões, Abra seus ouvidos, Elogie alguém, Ria em voz alta, Aposte na
salada, de olho na sua saúde, Dedique-se às amizades, Faça algo diferente, Quem canta seus males
espanta, Mexa-se, Relaxe, Coloque fibra em sua vida, Não faça nada e Agradeça.
Fonte: FONTE: Alana Gandra, Ludmilla Souza - Agência Brasil | FOTO: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil