A greve dos professores, divulgada pela APP-Sindicato no último final de
semana, rende vários vieses. A principal pauta é que o retorno às aulas, agendado para dia 18 de
fevereiro, aconteça somente após a vacinação de professores, alunos e funcionários, além da questão
salarial. Isso causou debate, inclusive nas redes sociais.
Para Franciele Maliski, por
exemplo, que fala como mãe e mulher de professor, não seria hora de pensar em greve. Se fosse pela
gravidade da pandemia até concordaria, mas por melhorias de salários, não é o momento, estamos todos
passando por dificuldade financeira, mas vamos pensar nos alunos que não veem a hora de voltar a
estudar, de ter sua rotina novamente, estão ficando doentes por ficar trancados em casa, muitos
desistiram. Tem professor precisando voltar, apesar de ter trabalhado o dobro, até o triplo nessa
pandemia.
Francieli Fries concorda: Muitos passaram por dificuldades devido à pandemia,
com suspensão de contrato e redução de jornada, acho que a hora é de pensar no todo. As crianças já
sofreram demais.
Por outro lado, Roselí Santos, professora universitária, diverge: Como
mãe concordo que os professores não podem voltar às aulas no modelo proposto. É um risco para toda
sociedade paranaense. Primeiro a vacina. As escolas neste momento não estão preparadas para volta
presencial. Além disso, há uma precarização da educação no Paraná.
Outra professora, que
prefere não se identificar, pensa que são necessárias todas as reivindicações propostas pela classe
e entende que a organização das medidas sanitárias para o retorno às aulas seja o mais importante
agora. Não se tem condições mínimas de trabalho. O povo acha que o álcool em gel e as máscaras que
o governo mandou são suficientes para um retorno às aulas presenciais.
Quanto às
críticas de que os professores não trabalharam em 2020, mas receberam salários, Clenize Da Silva
Custin rebate: No ano que passou nós trabalhamos sim. Assim como muitos outros trabalhadores, em
casa. Com nossos computadores, celulares e outros equipamentos tecnológicos, atendendo alunos e
pais, dia e noite, enfrentando as dificuldades das aulas on-line.
Ela acrescenta: A
aula on-line está longe de ser a aprendizagem que queremos para nossos alunos e filhos, porém, foi
muito melhor dessa forma do que muitos pais fazem: deixar seus filhos sem orientação nenhuma, mas da
forma que o governo nos impôs foi totalmente excludente em vários sentidos, tanto para nós
profissionais, quanto para alunos e responsáveis.
Kaciana Vescovi também defende que
primeiro haja vacinação. Wagno Antonio da Silva, diretor de uma escola, concorda: Isso seria o
correto, quero trabalhar na sala de aula, sim, mas com segurança pra mim e pros alunos.
Ainda sobre a enquete promovida pela reportagem do JdeB, Fatima Celeski lamenta o tratamento de
algumas pessoas, com ofensas pessoais: É bem fácil falar quando não se tem conhecimento de causa.
Eu não sou professora, mas sempre estive e estarei do lado desses educadores, que passam tempo
dedicando seus ensinamentos pra nossas crianças, Gratidão a cada um.
Rosangela Novak
pensa semelhante: Eu sou contra a greve e me entristece muito ver tantas pessoas usando termos
pejorativos contra os professores, como se nunca dependessem deles pra chegarem onde estão agora. Eu
tenho parentes e amigos no ensino público, que trabalharam mais remotamente do que presencialmente,
saíram totalmente da rotina, tiveram que encarar o novo, aprender a dar aula on-line. Meu filho
estuda em escola particular e acompanhei o esforço da professora e toda a equipe da escola que
estava ali atrás da câmera, dando o seu melhor e fazendo milagres pra que nossos filhos tivessem
aula. A pandemia nos trouxe muito aprendizado, mas empatia, se fosse uma disciplina, com certeza
muitos reprovariam.
Ingrid Oliveira Machado acrescenta: Vivemos tempos difíceis, os
professores trabalharam, sim, usando suas próprias ferramentas. Na minha opinião, o governador
deveria dar estrutura e continuar com o trabalho on-line, até as vacinas chegarem.
As
polêmicas aulas on-line
Vanessa Fasolo Spessatto fala como mãe e professora: Os alunos já
perderam muito ano passado. E greve não é a solução para os problemas da educação. Acho que precisa
mais vontade de trabalhar e mais amor pela profissão. A pandemia? Sim! Todos correm riscos, não só
os professores.
Patricia Pramio é contra greve, porque entende que as crianças já
ficaram muito tempo sem escola, sem conhecimento e sem ter amigos. Rejane Gumiero Stella acha que
crianças e adolescentes dão exemplo de prevenção, pois ficaram em casa nestes períodos, além disso,
os governos tiveram tempo para se organizar.
Ione Dorigoni Minosso ressalta que o retorno
às aulas presenciais é essencial. Acredito que os professores são mestres em ensinar, inclusive
quais cuidados as crianças devem ter na prática. Não será difícil, se tiver um governo líder
apoiando com estrutura para que isso aconteça.
Sabrina Dal Pra completa: Tenho certeza
de que os professores trabalharam muito, muitos inclusive tiveram que aprender a trabalhar de uma
nova forma. Mas como mãe que sou e professora que já fui, não consigo ver rendimento nem
aproveitamento nessas aulas on-line.
Fonte: FONTE: Leandra Francischett - Jornal de Beltrão