Fabiana Rabaioli Lando, 23 anos, natural de
Marmeleiro, vai completar, amanhã, um ano e dois meses de viagem pela América Latina. Sua jornada,
de bicicleta, começou no dia 20 de julho de 2018 e, neste período, reuniu histórias incríveis de
superação, fez novas amizades, conheceu e registrou as belezas naturais do Brasil e dos países
vizinhos.
Muitas pessoas perguntaram, mas de bicicleta? E eu me fiz a mesma pergunta quando
tive a ideia da viagem. Na época eu estava no meu último semestre da faculdade (Publicidade e
Propaganda, na Fadep, em Pato Branco), a ideia surgiu junto com meu namorado (Rafael Severo
Pinheiro) através de um documentário de um homem que viajou à Patagônia de bike.
Fabiana
disse que no começo não sabia se a viagem daria certo, sequer tinha uma bicicleta. Não sabia se meu
corpo ia aguentar, surgiram várias dúvidas, tanto que planejamos em segredo durante um ano e meio.
Quando estava tudo pronto avisamos nossos amigos e familiares, e uma semana depois, no dia 20 de
julho de 2018, demos início no que era para ser uma volta de bike pela América do Sul, a meta era
sair de Cascavel ir até Ushuaia, na Argentina, e depois até na Colômbia.
Os desafios diários
Ela conta que a trajetória pelo Brasil
foi relativamente tranquila. Só que no segundo dia de viagem já teve que trocar o primeiro pneu
furado. Era momento de se adaptar à nova rotina na estrada, éramos novatos nisso, mas com o tempo
fomos pegando o jeito, armar e desarmar a barraca, fazer comida na beira da estrada, às vezes ter
que pedalar debaixo de chuva, fazer manutenções básicas na bicicleta, entre várias outras
coisas.
O dia a dia na estrada
O casal levou a
própria barraca, então no final do dia, antes de escurecer, iniciava a busca por um lugar escondido
da estrada para armar o acampamento, cozinhar e descansar. Usávamos um aplicativo de hospedagem
também, onde além de poder lavar nossas roupas, podia trocar uma ideia com as pessoas locais. E
através dessas pessoas eu pude aprender muito, não só sobre a cidade, cultura, costumes, mas escutei
e compartilhei muitas experiências de vida, isso com o decorrer da viagem foi agregando muitas
coisas aqui, fui mudando quem eu era, a cada dia para melhor.
O primeiro carimbo
Próximos de entrar no Uruguai, o primeiro País, primeiro
carimbo, mesmo sem falar espanhol, mas já estava louca para aprender. Como tática, Fabiana conta
que ficava rodeando as pessoas para escutar como elas falavam, como davam o nome para as coisas,
então não demorou muito para começar a falar as primeiras frases. Outra parte que me surpreendeu
foi com o preço da comida, era tudo absurdamente caro, mas uma coisa que não poupava era no famoso
Dulce de Leche, oh coisa boa, hein, já era algo que não podia faltar nos alforjes.
O primeiro perrengue
Em Sause de Portezuelo foi onde eles
tiveram o primeiro perrengue da viagem. Saíram para resolver algumas coisas na cidade e, quando
retornaram, encontraram todas as coisas reviradas. Tinha roupas minha por todo o bosque. Tínhamos
esquecido um pacote de pão dentro da barraca, então cinco cachorros rasgaram a tela para pegar.
Depois de consertar os estragos e trabalhar alguns dias para levantar uma grana, eles seguiram em
frente.
Viagem que segue
O próximo País era a
Argentina. Dia 14 de fevereiro de 2019, às 5h da manhã, os dois saíram sentido à rodoviária, em
Montevidéu, para pegar o barco buquebus pra fazer a travessia para a Argentina. Adorei conhecer
o Uruguai, fui tão bem recebida pelas pessoas que tenho muita vontade de voltar, na mala levo boas
lembranças e muitos amigos. Depois de meia-hora de travessia, chegamos de cara, em pleno centro de
uma das cidades mais movimentadas da América, quando me dei conta estava lá, pedalando com minha
bicicleta carregada ao lado do Obelisco, em pleno caos, tinha muitos carros, moto, ônibus, pra você
ter ideia essa avenida é a mais larga do mundo.
Sozinha
pela América
Depois de Buenos Aires, eles decidiram seguir viagem separados. Acredito que
foi um choque para os dois, pois estávamos já há cinco anos juntos, então imagina num dia você tinha
uma pessoa ali parceira para conversar, rir, compartilhar os momentos e no outro é só você e seu
pensamento. Nos primeiros dias a adrenalina do medo de ser uma mulher sozinha pelo mundo tomava
conta dos meus sentimentos, a família todo tempo falando pra voltar, as pessoas na rua me chamando
de louca, chorei muito quando cheguei em Ushuaia, mas lá tive a sorte de encontrar um anjo da guarda
que me ajudou muito, aliás foram dois anjos, que inclusive um deles tive o prazer de reencontrar no
caminho. Ushuaia foi um dos lugares mais lindos que conheci em toda minha viagem, em meio às
montanhas de pico nevado com vista do mar, é conhecida como fim do mundo, destino desejado por
muitos viageiros, é uma rota famosa também para os que viajam de bicicleta. No caminho encontrei
pessoas de todo o mundo pedalando por lá. E foi uma alegria quando me deparei com mais duas mulheres
viajando sozinhas, foi como uma inspiração para seguir viajando.
Agora, mochilando
Fabiana chegou à conclusão de que já estava satisfeita com a
experiência e agora decidiu seguir viajando de mochila. Esse era o meu sonho, cada tipo de viagem
traz um tipo de experiência diferente, seja ela de carro, moto, acompanhado ou sozinho, alguns serão
mais intensos outros nem tanto. A experiência da viagem se molda com as pessoas que cruzam no seu
caminho e o principal de tudo é como você lida com isso. Você pode fazer de novo o mesmo trajeto, e
tudo vai ser diferente. A rotina ela também existe na estrada, mas o mais legal de tudo isso é que
estou fazendo algo que eu gosto: viajar, aprender e conhecer. Agora ela está em Piura, no Peru, e
vai até o México. Pra essa viagem ela está rifando a bicicleta, é uma mountain bike adaptada para
cicloturismo, no Instagram @fabiana.lando tem todas as informações.
Foto/Legenda: Fabiana Rabaioli Lando, de Marmeleiro, em sua passagem pelo Uruguai. Ela
está há mais de um ano viajando e conhecendo a América Latina de bicicleta. Fabiana e Rafael,
em Pato Branco, quando partiram para a viagem.
Fonte: FONTE: www.jornaldebeltrao.com.br | FOTO: Arquivo Pessoal