AEN - Secretários de Agricultura e lideranças da agropecuária dos três estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) querem transformar a região na maior produtora de leite do País, com capacidade para abastecer o mercado interno e gerar excedentes para exportação. Com isso, a produção de leite seria uma nova geradora de divisas e riquezas para o País.
A ideia é aproveitar o crescimento da produção apresentado na região, que foi de 119% no período 2000 a 2012, acima da média nacional, que chegou a 63%, e da Argentina que foi de 16% no mesmo período, para transformar o Brasil num grande exportador de produtos lácteos.
Hoje, a região Sul é responsável por 33% da produção nacional, com um volume de 10,74 bilhões de litros por ano, perto da produção da região Sudeste, capitaneada pelo maior estado produtor, que é Minas Gerais, cuja produção está estimada em 11,5 bilhões de litros de leite.
Com características produtivas e sanitárias semelhantes, os secretários de Agricultura da região, Norberto Ortigara (PR), Airton Spies (SC) e Claudio Fioreze (RS) reuniram-se terça-feira, na sede da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), em Curitiba, com produtores para estabelecer estratégias comuns para o crescimento organizado da cadeia na região Sul.
DIAGNÓSTICO - Na reunião, traçaram um diagnóstico da produção nos três Estados e de suas potencialidades para atingir com mais vigor o mercado nacional e internacional. Segundo o secretário de Santa Catarina, Airton Spies, a região onde se concentra a maior parte da produção de leite nos três Estados, como Oeste do Paraná e Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul, tem aspectos de clima e solo que são um privilégio para o Brasil.
Trata-se da região com maior potencialidade de produzir biomassa do mundo porque tem mais exposição à luz solar com regime de chuvas o ano inteiro, o que garante a produção de forrageiras para servir de alimentos aos animais, explicou Spies.
As propostas individuais de cada estado serão apresentadas no dia 5 de agosto durante solenidade de lançamento da Expointer, uma das maiores exposições agropecuárias do País, realizada na cidade de Esteio (RS).
O próximo passo, segundo os secretários, será o envolvimento dos governadores, que assinarão uma resolução no âmbito do Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul) para que as propostas se transformem em políticas públicas de Estado para vários anos e não para um governo, formando a Aliança Láctea Sul Brasileira.
DIRETRIZES - Cada Estado vai montar sua proposta conforme quatro diretrizes que foram determinadas durante a reunião: qualidade e sanidade do leite; gestão do negócio com visão de sustentabilidade; assistência técnica com o comprometimento dos produtores e boas práticas nas propriedades e nas indústrias.
O secretário do Paraná, Norberto Ortigara, defendeu adotar medidas práticas para dar um salto de qualidade na produção como o enfrentamento das principais zoonoses que afetam o rebanho e o incentivo ao produtor melhorar a alimentação dos animais, investimento em melhoramento genético e melhorar a gestão da propriedade. Essas práticas vem sendo adotadas no Paraná e estamos colhendo resultados animadores, disse.
O secretário Airton Spies (SC) disse que o fortalecimento da defesa sanitária, com contratação de técnicos para vigilância sanitária e a formalização da cadeia produtiva do leite em toda sua extensão são medidas importantes para alcançar bons resultados no padrão de produção. Para Spies, a questão da tributação do leite, que tem provocado guerra fiscal entre os estados, deve ser neutra.
O secretário Claudio Fiorezi (RS) defendeu concentrar esforços em ações preventivas na qualidade do leite. Ele sugeriu a formação de um Centro de Inteligência do Leite com geração de pesquisa, prospecção e informações para troca de experiências entre os três Estados a exemplo de órgãos semelhantes existentes em grandes regiões produtoras do mundo.
PRODUÇÃO - O Paraná e o Rio Grande do Sul, juntos, são responsáveis por 12% da produção nacional. Segundo o Valor Bruto da Produção do Paraná em 2013, o Estado já produz 4,5 bilhões de litros por ano, e o Rio Grande do Sul apresentou uma projeção semelhante, de produzir 4,5 bilhões também em 2013. Santa Catarina vem logo atrás, com uma produção de 3 bilhões de litros por ano.