As doenças cardiovasculares ainda são a principal causa de morte no mundo. De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil morrem mais de 300 mil pessoas todos os anos – uma morte a cada dois minutos. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), de janeiro até ontem, mais de 102 mil pessoas morreram em decorrência de doenças cardiovasculares no País. Os números assustam, mas a maioria das patologias cardíacas pode ser prevenida.

De acordo com o médico cardiologista Everton Müller Alves, as doenças mais prevalentes na população adulta são a hipertensão arterial sistêmica, doença arterial coronariana (responsável pela angina e infarto do miocárdio), arritmias, insuficiência cardíaca e doenças valvares.

Everton afirma que os hábitos de vida estão intimamente relacionados aos problemas cardíacos. “Os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento dessas doenças estão diretamente relacionados aos hábitos de vida inadequados como o sedentarismo, dieta rica em gorduras, sais, e açúcares, hábitos nocivos como tabagismo e etilismo, além do stress. O fator hereditariedade também pontua nesse grupo, mas a precocidade e a gravidade com que se manifestará vão depender diretamente do comportamento do indivíduo”.

Prevenção do infarto é com mudança de hábitos
O infarto traz muitos medos à população e está entre as doenças cardíacas mortais. Everton explica que o infarto do miocárdio é o resultado de uma série de eventos complexos acumulados ao longo dos anos. “Os eventos leva ao depósito de placas de gordura e inflamação nas artérias coronárias, processo conhecido como aterosclerose. Em determinado momento ocorre o rompimento dessa placa causando a obstrução do vaso e interrupção do fluxo de sangue para o músculo cardíaco que sofre um dano sério e irreparável”.

O infarto pode ser prevenido com mudanças de simples de vida, como a prática de atividade física e o acompanhamento regular de um médico. “A prevenção está diretamente ligada à redução dos fatores facilitadores da aterosclerose, o que pode ser feito por meio do diagnóstico precoce e tratamento adequado da hipertensão arterial, do diabetes e do colesterol elevado, pratica regular de atividade física e evitar tabagismo”, reforça Everton.

As pessoas que possuem antecedentes familiares de infarto ou outras doenças cardiovasculares e idade avançada precisam ter atenção redobrada, com avaliações médicas frequentes e controle intensivo dos fatores de risco.

Metade dos hipertensos não sabe que estão com a doença
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) há cerca de 1 bilhão de pessoas hipertensas no mundo. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta para 30 milhões de brasileiros com o problema e o Hospital do Coração de São Paulo (HCor), acredita que 50% dos hipertensos no País não sabem que possuem a doença. “A hipertensão é uma doença predominantemente silenciosa. Sintomas inespecíficos do tipo dor de cabeça, tontura, visão borrada, zumbido, sangramento nasal, fadiga podem estar presentes em uma pessoa hipertensa, mas não são sinais exclusivos da doença”, alerta o médico cardiologista, Everton Müller Alves.

O cardiologista diz que dor no peito, falta de ar, dor de cabeça intensa, palpitação e confusão mental podem surgir quando há alta elevação da pressão arterial, chamada de emergência hipertensiva. “Também podem surgir em fases mais avançadas da doença, quando outros órgãos, por exemplo, o coração, cérebro e rins já foram comprometidos”.

Açúcares em excesso são prejudiciais
O excesso de açúcar também é prejudicial ao coração e associado ao ganho de peso traz consequências mais sérias para a saúde cardiovascular. “A obesidade favorece o aumento dos níveis sanguíneos de colesterol e é uma das grandes causadoras do diabetes tipo 2, doença que se caracteriza pela incapacidade de o organismo produzir e utilizar a insulina de forma adequada, promovendo um estado de aumento permanente dos níveis de açúcar no sangue, fator que muito fortemente contribui para a aterosclerose e seus desfechos negativos”, afirma Everton.

A necessidade de substituir as gorduras trans
As gorduras em excesso são grandes vilãs para as doenças cardiovasculares, mas consumindo as gorduras “boas” pode reduzir eventos clínicos. “As gorduras são essenciais para o organismo. O colesterol é um tipo de gordura utilizada para a produção de hormônios e é componente fundamental na estrutura da membrana das células. Deve-se atentar ao tipo de gordura ingerida”, comenta Everton.

De acordo com o cardiologista, as gorduras trans, presentes em alimentos industrializados, e as saturadas, de origem animal, estão relacionados aos aumentos dos níveis do colesterol LDL, dito colesterol ruim e consequentemente aumento do risco cardiovascular. “A substituição das gorduras trans e saturadas por gorduras boas como as monoinsaturadas presentes no azeite de oliva, óleo de canola, oleaginosas como castanha e nozes, e as poli-insaturadas como o ômega 3, presente em peixes de água fria, e ômega 6, presente nos óleos de canola e de soja, são uma estratégia para o melhor controle da hipercolesterolemia e redução da chance de eventos clínicos”.

Por fim, dr. Everton elenca a fórmula para levar uma vida saudável e evitar problemas cardíacos. “Cultive hábitos saudáveis, pratique atividade física regularmente, tenha uma alimentação equilibrada, reduza o sal, a gordura e o açúcar, aumente a ingestão de frutas, verduras e alimentos integrais, maneire no álcool e não fume. Visite seu médico regularmente, pois a prevenção é o melhor caminho”.

Foto/Legenda: Everton Müller Alves é graduado em medicina pela PUC-PR e fez residência em Clínica Médica e Cardiologia no Hospital Regional de Joinville - Arquivo/JdeB.


Fonte: FONTE: http://www.jornaldebeltrao.com.br | FOTO: Arquivo JdeB