Um dos setores mais importantes da economia
regional, em faturamento, geração de empregos e renda, o de confecções passa por um período de
dificuldades. A região conta com 232 empresas dos segmentos de facção que produzem para outras
indústrias e marcas próprias. Essas indústrias empregam cerca de 8.200 trabalhadores. As maiores
se concentram em Ampere, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Salto do Lontra e Santo Antônio do
Sudoeste.
Em abril, o saldo entre admissões e demissões foi de duas vagas positivas. No
primeiro quadrimestre deste ano, o saldo foi positivo de 188 vagas, entretanto, 178 delas foram
saldo dos meses de janeiro e fevereiro, caindo nos dois meses subsequentes. Foi
complicado.
Janeiro e fevereiro normalmente temos reposição de vagas abertas, pois há muitas
demissões nos meses de dezembro e novembro, porém, no ano de 2017, nos meses de março e abril estes
números foram superiores se comparados a 2018, e a expectativa agora é maior porque, desde que
iniciou a crise, em 2014, sempre obtivemos saldo positivo, avalia Solange Stein, secretária
executiva do Sindicato das Indústrias de Confecções do Sudoeste do Paraná (Sinvespar).
O ano
começou bem para o setor, com taxa de câmbio estável e taxa mensal de inflação em baixa. No primeiro
trimestre de 2018, as importações brasileiras cresceram pouco mais de 12% num comparativo com igual
período de 2017. As importações de têxteis e vestuário cresceram 25,4% no geral e somente o
vestuário foi de 44,78%. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Textil (Abit), foram
importadas mais de 400 milhões de peças, um recorde dos últimos tempos dado não tão favorável ao
setor.
Retração nos investimentos
Os ambientes na
política e economia brasileira não têm favorecido o setor. A inflação está baixa, mas o aumento da
cotação do dólar, devido aos problemas internos e às mudanças na economia dos Estados Unidos
prejudicam as indústrias brasileiras porque grande parte dos tecidos e filamentos como linhas usados
pelas indústrias são importados.
As indústrias utilizam tecidos sintéticos, que são
fabricados com derivados do petróleo. No período acumulado de um ano maio/17 a maio/18 os
produtos sintéticos tiveram aumento de 57% e o algodão, este em igual período, aumentou 31%. Há
expectativa que no segundo semestre haja uma ligeira baixa dos valores, diz Solange. Mas tanto o
petróleo como o algodão são commodities e as suas cotações variam conforme a oferta e as cotações do
dólar.
Os fornecedores não têm mais conseguido segurar os preços, mesmo com mercado
desaquecido, eles também dependem do mercado externo, exemplo nos últimos dez dias em que houve
aumento de 10% na linha de papelaria para modelagem, de 11% em filamentos e entre 5% a 15% nos
tecidos, sem contar o frete que também sofreu reajuste devido à crise interna. Num cenário de
incertezas na economia e política interna, os empresários acabam não concretizando a compra novos
maquinários ou de outros produtos.
Solange diz que, no momento, o setor não vê perspectivas
de melhora, que há um clima de mau humor e de retração de investimentos. Estamos desanimados, não
se sente segurança para se investir e pouca ou quase nenhuma expectativa de melhora a curto prazo,
resume a secretária do Sinvespar.
Matheus Campagnolo, diretor do Sinvespar e da indústria de
confecções Betel, de Capanema, entende que não é hora para investimento. O momento econômico e
político brasileiro é complicado.
Foto/Legenda: A
alta do Dólar no Brasil dificulta as importações de tecidos e a compra de
máquinas.
Fonte: FONTE: jornaldebeltrao.com.br | FOTO: Gilson Abreu/Fiep/AEN - PR