AEN - No Paraná, os alunos da educação especial com deficiência intelectual estão sendo beneficiados com um novo modelo de atendimento elaborado pela Secretaria de Estado da Educação. A proposta é inédita no Brasil e amplia de cinco para 10 anos o período para que aluno termine os ciclos das séries iniciais do ensino fundamental, respeitando o tempo de aprendizagem de cada estudante.
O novo modelo já é aplicado nas cerca de 400 escolas especiais conveniadas ao Estado e beneficia 40 mil alunos com deficiência intelectual. A proposta de reorganização pedagógica oferece uma resposta às necessidades educacionais específicas dos nossos alunos, na escola de educação básica, modalidade de educação especial, em consonância com o movimento de inclusão, ressaltou a chefe do Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional, Marisa Bispo Feitosa.
No modelo anterior, a organização educacional das escolas de educação básica, modalidade de educação especial, era igual ao dos anos iniciais do ensino fundamental do ensino comum, com cinco anos para a conclusão. Não garantia o direito à escolarização dos alunos mais comprometidos. Agora, é possível respeitar o tempo de aprendizagem do educando e favorecer as condições necessárias para a aprendizagem, explicou Marisa.
COMO FUNCIONA A nova proposta permite que o aluno entre, por exemplo, com seis anos no primeiro ano das séries iniciais do ensino fundamental. Ele terá quatro anos para cumprir um currículo com conteúdos formais e funcionais. Após este primeiro ciclo, o aluno passa por uma avaliação que poderá indicar, ou não, a sua inclusão em uma escola comum.
As diretrizes da educação comum trabalham com o conteúdo formal e não dão respaldo para trabalhar com a funcionalidade do aluno da educação especial. Este aluno precisa ter conteúdos que façam ligação com a sua vida, que seja funcional para ele, Juliana Mendes, diretora da Escola de Educação Especial Alternativa, em Curitiba.
Se for necessário, o aluno continua o segundo ciclo na escola especial por mais cinco anos para conseguir assimilar os conteúdos. Quando completar 15 anos, ele poderá continuar seus estudos na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) integrada à educação profissional, em uma escola comum ou na própria escola especial, de acordo com a sua deficiência. O objetivo é colocar o aluno no mundo do trabalho.
A proposta é um avanço significativo. Ela normatiza, organiza e legaliza um processo que já vinha sendo feito nas escolas especiais. Ela respeita o aluno ao dar flexibilidade aos conteúdos e à avaliação, comentou a diretora da Escola Ecumênica, em Curitiba, Dinéia Urbanek Rushe Jorge.
A mudança também foi resultado do diálogo com a Federação das Apaes do Estado do Paraná e Federação Estadual da Instituições de Reabilitação do Paraná e, depois, foi aprovada pelo Conselho Estadual de Educação.