Há 50 anos, o lavrador de Mato Grosso João Boiadeiro, codinome de João Ferreira
da Cunha, viu sua vida mudar ao se transformar no primeiro brasileiro a ter o coração transplantado
a partir de uma cirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP), inaugurando uma nova etapa na cardiologia brasileira e latino-americana. Sofrendo de
uma doença degenerativa, ele obteve a esperança com o transplante. Mas morreu 28 dias após a
cirurgia, em consequência de rejeição do órgão.
O transplante de João Boiadeiro ocorreu
seis meses após o primeiro realizado no mundo por uma equipe da África do Sul. Assim, em 26 de maio
de 1968, o Brasil entrava no grupo de países pioneiros do transplante de coração.
No
Brasil, o primeiro transplante de coração foi feito pelas equipes dos professores Euryclides de
Jesus Zerbini, na cirurgia cardiotorácica, e Luiz Venere Décourt, na clínica. Os professores
iniciaram o processo de criação do Instituto do Coração do HCFMSUP (Incor).
Avanços
O presidente do Incor, Roberto Kalil Filho, disse que entre as principais conquistas estão
os avanços dos medicamentos que evitam a rejeição ao transplante.
Nesse meio-tempo
surgiram medicamentos contra a rejeição mais eficazes e com menos efeitos colaterais, além de
máquinas de suporte ao coração mais eficientes, tendo à frente os modernos ventrículos artificiais
portáteis, aparelhos que prologam por mais de cinco anos a vida de pacientes que esperam por um
órgão ou que não podem se submeter ao transplante,afirmou o médico.
Paralelamente, há um
esforço conjunto da iniciativa pública e privada para reduzir a chamada janela de captação do
coração (momento entre a retirada do órgão do doador e seu implante no receptor) para no máximo
quatro horas, mantendo uma complexa logística com ambulâncias, voos fretados e helicópteros.
No Incor, há uma maleta térmica, usada na Europa, que mantem a temperatura do coração doado
em condições ideais para a conservação do órgão para transplante (8°C a 10°C), sem a utilização de
gelo.
Fonte: FONTE: agenciabrasil.ebc.com.br | FOTO: Elza Fiúza/Arquivo Agência Brasil