Todo pai zeloso com os filhos pensa em fazer uma poupança para os rebentos usufruírem no futuro. Não é incomum abrir uma conta poupança para a criança ainda nos primeiros anos de vida e depositar mensalmente pensando em garantir uma faculdade, um intercâmbio no exterior ou comprar um automóvel.

Contudo, segundo a planejadora financeira Myrian Lund, a medida mais correta não é entregar esse dinheiro de “mão beijada” para o filho. “O ideal é que quando a criança comece a ver os primeiros números na escola, os pais comecem a pagar uma mesada mensal proporcional. E estimular a criança a administrar esse dinheiro, ensinando a economizar e ir oferecendo prêmios para as metas atingidas. Tem que criar um sonho na cabeça da criança e ensinar ela a trabalhar por aquilo, a poupança tem que ficar no nome dos pais para eles pagarem a faculdade e não o filho.”

Myrian fez uma palestra ontem, para alunos da Escola Oficina Adelíria Meurer de Francisco Beltrão sobre educação financeira. A programação fez parte da 5ª Semana Nacional de Educação Financeira, que ocorre entre 14 e 20 de maio. Em Francisco Beltrão, a palestra também contemplou microempresários e foi uma parceria entre Prefeitura, Escola Oficina e Cresol. O foco na juventude, segundo Myrian, é porque é o momento em que eles aprendem a tomar decisões. O conceito de planejamento financeiro, disse ela, está relacionado à capacidade da pessoa de atingir seus objetivos. “Se você não tem sonhos, qualquer caminho serve. Então é muito importante a pessoa planejar e escrever isso em um papel, em uma planilha. Tem que pensar como você vai estar amanhã. Vai estar no exterior, vai fazer um doutorado?” Ela pondera que os jovens recebem muita influência dos amigos e isso nem sempre é benéfico no aspecto financeiro. “Eles têm que entender que não precisam ser iguais a todo mundo, que o dinheiro não dá para fazer tudo.”

Comprador emocional, comprador racional
De acordo com Myrian, outro problema são as armadilhas do comércio que oferece diversas promoções e faz campanhas publicitárias para atingir o desejo imediatista de consumo das pessoas. “Existem dois sistemas, o da emoção, que você precisa comprar rápido, pela intuição. E o sistema da razão, só que esse é lento, preguiçoso, pra tudo tem que parar e pensar. O comércio tenta atingir o emocional, porque se a pessoa parar e pensar ela não compra.”

Contabilidade mental não funciona
Outro detalhe interessante citado por ela, é que muitas pessoas adotam a contabilidade mental, quando o consumidor sai comprando e vai anotando os gastos na cabeça, “esse, invariavelmente, vai se perder no orçamento, porque a nossa memória falha”. E existe o comprador racional que anota tudo.

Tem que economizar para a velhice
Somado a tudo isso há o aspecto cultural. “O Brasil é um País em que a longevidade está aumentando, as pessoas vivem mais e o sistema de previdência não está dando certo. Então, os cidadãos precisam criar ativos para no futuro poderem usufruir.”

Quem poupava se dava mal

A especialista frisa ainda que o brasileiro saiu há pouco tempo de planos econômicos que não beneficiavam quem economizava. Quem tinha dinheiro aplicado perdia dinheiro e quem tinha dívida, algumas vezes, via seu débito perdoado. “O mais importante nesse momento é que as pessoas aprendam a poupar para só depois aprenderem a investir, porque sem economia não é possível fazer investimento. Ou seja, não é errado deixar dinheiro na poupança. Existem outras formas de investir, como o Tesouro Direto, em que o Governo paga o mesmo que ele paga para os bancos. Mas agora a gente precisa se concentrar em poupar”, finalizou.

Foto/Legenda: Palestra ontem à tarde para os alunos da Escola Oficina, no auditório do centro de eventos.  


Fonte: FONTE: jornaldebeltrao.com.br | FOTO: Niomar Pereira/JdeB