AEN - Apesar dos fatores climáticos, seca na primeira safra no começo do ano, e as fortes chuvas verificadas no final do mês de maio e início de junho deste ano, as lavouras de grãos no Paraná continuam mantendo um bom desempenho no campo. Segundo relatório mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria estadual da Agricultura, a expectativa é de uma produção total de 35,7 milhões de toneladas, considerando grãos de verão, verão/outono e inverno das principais culturas cultivadas no Estado.
Se comparados ao mesmo período da safra do ano anterior teremos uma variação menor entre 1,5% a 2%, números considerados normais para o período, avalia o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. O produtor tem feito a sua parte. Agora contamos com os trabalhos de comercialização para garantir também bons preços para o agricultor continuar se capitalizando, afirma o secretário.
O bom desempenho se deve principalmente à recuperação da cultura do trigo, seguida depois pelo milho. Tivemos problemas de seca em alguns momentos em áreas do Norte do Estado, que afetaram um pouco a produtividade das lavouras de soja. Porém, as boas práticas e o bom nível tecnológico empregado no trigo poderão compensar e equilibrar a produção paranaense, diz o economista Francisco Simioni, chefe do Deral. Mas temos sempre que ficar alertas com as incertezas do clima. Estamos entrando no período de inverno, onde normalmente acontecem fases de frio mais intenso, e com perspectivas de geadas. Isso poderá influenciar nas próximas avaliações de campo, completa Francisco Simioni.
SAFRA HISTÓRICA PARA O TRIGO - Para o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, as previsões são que o Estado poderá ter a melhor safra da história para o trigo. O melhor nível tecnológico apresentado no último ano para o cultivo, associado à boa produtividade, nos apontam para números expressivos, com aumento de 112% na produção paranaense em relação à safra de 2013. As estimativas mostram que poderemos ter cerca de 4 milhões de toneladas colhidas. Tivemos um aumento de área de cultivo de 33 %, em torno de 1,3 milhão de hectares, diz Carlos Hugo.
O crescimento da safra 2014 do trigo se deve principalmente aos problemas climáticos do ano passado, com fortes geadas verificadas e até nevar em algumas regiões do Paraná. Isso afetou drasticamente o cultivo e a produção do trigo no Estado, explica o técnico do Deral. No momento, os dados de campo apontam que 82 % da cultura já foi plantada no Paraná.
SOJA - Com preços em torno de R$ 63 a saca de 60 quilos, os produtores paranaenses podem ainda aproveitar o momento de baixa oferta mundial e ter resultados recompensadores na safra corrente. Com área e produções recordes novamente, a soja se consolidou como a principal cultura no Paraná. Nesta safra a área destinada à oleaginosa correspondeu a mais de 83% da área total cultivada na primeira safra, diz o economista Marcelo Garrido, chefe de conjuntura do Deral.
São esperadas para a segunda safra da soja no Estado a colheita em torno de 194 mil toneladas, 49% a mais que o período anterior (2012/2013), tendo também um acréscimo de área hoje estimada em 106.598 hectares, 32% superior a temporada passada.
MILHO - Os números do Deral destacam também a produção da 2ª safra de milho. As previsões apontam para uma colheita de 9,9 milhões de toneladas, com pequena redução de 3% em relação à safra anterior. "O grande volume de chuva no início desse mês provocou perdas pontuais na qualidade, sem prejuízos imediatos ao potencial produtivo do cereal, mas o clima ainda é importante para a conclusão da safra. Do total plantado no Estado, cerca de 5% foi colhido até o momento", diz a engenheira agrônoma Juliana Tieme Yagushi.
A produtividade tem destaque nessa safra, com o potencial produtivo médio estimado em 5.230 quilos por hectare. O preço médio praticado no Estado é de R$ 20,00 por saca de 60 quilos. Com o aumento de oferta, a tendência é de preços mais baixos para os próximos meses.
FEIJÃO - A safra do feijão paranaense foi o produto mais afetado pelas fortes chuvas do final de maio e começo de junho deste ano. Em relação à estimativa inicial (maio) houve uma quebra de 14% na produção. Prevíamos inicialmente uma colheita de 484 mil toneladas, contra os 416 mil toneladas atuais. Mesmo assim estamos contabilizando um aumento de 23% na produção da safra 2013/2014, se comparados ao mesmo período do ano anterior, o que pode ser considerado como fator positivo, diz o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador, do Deral.
Ainda em termos de área, os números apresentados pela Secretaria da Agricultura mostram uma pequena redução de 2%, com o plantio previsto para esta segunda safra do feijão de 259 mil hectares. Hoje (26/06) o preço estimado para a saca de 60 quilos pagos ao produtor gira em torno dos R$ 59,21, para o feijão de cor, e de R$ 92,01para o feijão preto. Estes preços podem cair nas próximas semanas. Temos uma grande oferta do produto nacional, o que irá pressionar as cotações para baixo, avalia o técnico do Deral.