Há cinco anos, um dos maiores mistérios das páginas policiais do Sudoeste do
Paraná era esclarecido. Acusado pelas mortes de seu pai, em 2009, e de sua esposa, filhos e sogra,
no ano de 2010, quando ateou fogo na casa da família, Gilmar Reolon, após três anos foragido,
suspeito até mesmo de estar em outro país, foi preso no interior de Francisco Beltrão, no dia 11 de
janeiro de 2013.
O Caso
Na madrugada do dia 07 de janeiro de 2010, o Corpo de
Bombeiros de Francisco Beltrão foi acionado para uma ocorrência de incêndio em uma residência, na
comunidade de Lajeado Bonito, interior de Enéas Marques. No local, as chamas haviam consumido a casa
de Gilmar de Jesus Reolon, na época com 47 anos. Após o rescaldo, foram encontrados em meio aos
escombros os corpos de Petronilha Maria Casanova, 84 anos, Gema Antonio Reolon, 45 anos, Gisele
Indianara Reolon, 14 anos, e Gian Lucas Reolon, 08 anos. Porém, faltava um corpo o de Gilmar.
Na tentativa de localizá-lo, uma retroescavadeira foi usada para revirar os escombros,
buscas dentro de um poço que ficava no porão da casa queimada foram realizadas, e nem um sinal, nem
do corpo carbonizado, nem dele vivo.
Os corpos das quatro vítimas foram recolhidos ao IML
(Instituto Médico Legal) de Francisco Beltrão. O veículo de Gilmar, um GM/Celta, que ficava próximo
da residência, não foi encontrado. A partir daí, a polícia começou a trabalhar com a hipótese de um
incêndio criminoso, cometido por Gilmar.
A Polícia Científica esteve no local e repassou
detalhes sobre o incêndio. A Polícia Civil instaurou um inquérito. No decorrer dos dias seguintes ao
incêndio, as buscas nas proximidades se intensificaram, mas o homem não foi encontrado.
As suspeitas de Gilmar havia arquitetado o crime ficaram mais evidentes quando chegaram à polícia,
informações de que ele estaria enfrentando problemas financeiros. Além disso, seu pai, Otávio
Reolon, teria sido assassinado, no interior de Francisco Beltrão, em 2009, e Gilmar era o principal
suspeito.
Com ao passar dos meses, diversas versões para o crime surgiram, além de boatos
sobre o paradeiro de Gilmar, que teve seu nome na lista de procurados da Interpol (Organização
Internacional de Polícia Criminal), pois suspeitava-se que ele poderia estar em outro país.
A prisão
Na manhã do dia 11 de janeiro de 2013, Gilmar foi encontrado num matagal, na região
do Rio Tuna, interior de Francisco Beltrão, pelo seu irmão e um policial militar.
Ambos
entraram na mata no inicio da manhã e encontraram uma cabana de lona, onde Gilmar estava acampado.
Relatou o policial que Reolon estava dormindo e, ao perceber a movimentação, tentou investir contra
els, armado com um facão, sendo dominado, algemado e amarrado numa árvore até a chegada do reforço
policial.
Gilmar foi encaminhado ao 21º Batalhão da PM, apresentado à imprensa e levado à
19ª SDP (Subdivisão Policial). Ele confessou a morte dos familiares e, para sobreviver durante os
três anos foragido, o abate de bovinos nas Linhas Triton e Rio Tuna. Em depoimento, ele deu detalhes
sobre os crimes.
O primeiro homicídio foi em 2009, quando utilizou uma roçadeira para
matar o pai, Otávio Reolon, 69. Ele alegou que cometeu o crime por vingança das agressões que
sofrera do pai quando criança.
Em 07 de janeiro de 2010, matou a pauladas os quatro
familiares. Sua justificativa era evitar que passassem fome ou vergonha devido ao crime que cometeu
e pelas dívidas que tinha. Após o crime, Gilmar tentou suicídio, dirigindo o seu carro até cair com
o veículo dentro de um rio. Como saiu com vida, ele retornou à casa da família e ateou fogo no
imóvel. Em seguida, fugiu para a área de mata, onde passou a viver. Ele contou que tentou se matar
outra vez, mas a corda com a qual tentou se enforcar teria arrebentado.
Ainda em
depoimento, confessou mais um homicídio, de uma adolescente de 13 anos, no dia 27 fevereiro de 2010.
A menina foi morta a pedradas e a golpes de facão. O corpo foi encontrado em um matagal próximo a
casa da vítima na manhã do dia seguinte.
Ele disse à polícia que perambulava pelo
interior de Enéas Marques, quando encontrou uma casa com a porta aberta. Ele entrou na residência
para pegar comida, mas foi visto pela menina. Com medo de ser denunciado, ele a matou.
Julgamento
Em abril de 2014, Gilmar Reolon foi julgado e condenado pelo Tribunal do Júri de
Francisco Beltrão a 150 anos de prisão. Por cada crime, o réu foi condenado a 30 anos, mas a pena
máxima foi fixada em 150 anos por que vários crimes foram praticados no mesmo local, isso no caso da
família. Desses, ele deverá cumprir 30 anos, que é o tempo máximo permitido pela lei. Até o momento,
Gilmar Reolon segue cumprindo sua condenação na Penitenciária Estadual de Francisco
Beltrão.
Fonte: FONTE: rbj.com.br