Menos interpretação textual, mais contas e
conteúdo. Foi assim que professores de Ensino Médio e cursinhos pré-vestibular compararam o segundo
dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado nesse domingo, 12, em todo país.
Com isso, a prova composta por 90 questões de Matemática, Física, Química e Biologia foi avaliada
como "densa e cansativa" por estudantes.
Para o professor Júnior "Batoré", que ministra aulas
de biologia no Alfa Rede de Ensino, a prova deste ano exigiu mais conhecimento específico, mais
aprofundado e menos interpretação de texto. "Como a gente já esperava, tivemos alguns textos de
interpretação, mas esse ano também foram cobradas coisas mais especificas, questões que o aluno
deveria saber do conteúdo, como numa questão que falava de uma doença ligada ao sexo, ao cromossomo
X, e outra com relação à visão, que cobrou a parte de cones, bastonetes, visão colorida", citou o
professor.
Áreas como ecologia, tema abordado neste ano na Campanha da Fraternidade, ficaram
surpreendentemente de fora. "A prova foi densa, com algumas questões não bem expressadas, até
confusas para o aluno, mas esperamos que essa seja uma tendência para o ano que vem, de cobrarem a
interpretação junto com o conhecimento teórico mesmo. Penso que não tem prova fácil ou difícil, foi
uma prova em que o aluno precisava interpretar e saber o conteúdo", afirmou Júnior.
A
estudante Camila Zanata, 18, também definiu a avaliação como densa, além de cansativa. Antes de
entrar no local de prova, ela já esperava um dia "mais complicado" que o primeiro por se tratar das
exatas. "A prova estava bem densa e cansativa, tem que ter muita agilidade pra dar conta de tudo",
comentou na saída. Ela, que é de São Miguel do Oeste, mas reside em Beltrão e estuda no Alfa, contou
que não conseguiu resolver algumas questões de matemática, consideradas difíceis. "Acredito que, por
se tratar de questões complicadas não vá me prejudicar tanto. No geral, acredito que fui bem,
consegui abordar bem as questões de Química, Física e Biologia, apesar de ter uns conceitos bem
específicos", avaliou.
Cálculos e mais cálculos
O
professor Kiolo, que dá aula de matemática também no Alfa Rede de Ensino, considerou a prova de
matemática "dentro da normalidade", exigindo bastante preparo dos estudantes, como em anos
anteriores.
"Dentro de uma sequência dos outros anos, foi uma prova que exigiu um cálculo aritmético
mais puxado, ou seja, um número maior de continhas, de operações básicas. Aquelas questões fáceis,
de dois ou três anos atrás, não existem mais, são todas questões construídas com conteúdo, amarradas
com interdisciplinaridade", frisou.
Segundo ele, o destaque da prova ficou com os gráficos e
geometria espacial, em função da contextualização do conteúdo. "Achamos a prova de um grau de
exigência muito bom e privilegiou aquele aluno que se preparou, que durante o ano evitou a
calculadora e conseguiu correlacionar o assunto de sala com o que ele viu no cotidiano, mas nada
muito diferente dos outros anos."
A estudante Tanaeli Bumgartem, 18, também deixou algumas
questões tidas como difíceis pra trás para se concentrar nas fáceis e medianas. "Como é trabalhado
no Alfa, temos as questões fáceis, médias e difíceis, então consegui trabalhar bem as fáceis e as
médias para garantir essas", avaliou ela, que vai esperar para corrigir a prova. "Espero que ter
estudado um ano inteiro traga bons resultados, apesar da ansiedade. Não quero corrigir a prova
porque tenho outras pela frente e tenho medo que me afete de alguma forma", disse.
Um terço dos candidatos não compareceram
ABr - O índice de
candidatos que faltaram à segunda prova do Enem de 2017 foi de 32%. Cerca de 2,15 milhões de
inscritos não compareceram às provas aplicadas nesse domingo, 12. No primeiro dia de prova, dia 5,
foi registrada uma abstenção de 29,8%, com cerca de 2 milhões de candidatos faltosos. No ano
passado, a abstenção média nos dois dias de Enem foi de 29,19%.
Neste ano, um total de 853
candidatos foram eliminados do Enem nos dois dias de prova, sendo 273 no primeiro dia e 580 no
segundo dia. A maioria foi eliminada por descumprimento de regras do edital (842), nove por terem
sido identificadas irregularidades nos detectores de metais e dois por recusa do dado
biométrico.
O ministro da Educação, Mendonça Filho, classificou esta edição como a mais
tranquila aplicação do Enem nos últimos anos, com pouquíssimas ocorrências. Na avaliação dele, o
índice de abstenção está dentro da média.
Fotos: Estudantes entram para o segundo dia do Enem 2017 na Unisep, em Beltrão, um dos
locais de prova nesse domingo. Exame teve 32% de abstenção em todo Brasil.
Fonte: FONTE: jornaldebeltrao.com.br | FOTOS: Tiago Moreira/JdeB