Cerca de dez carros foram destruídos e a 7ª Subdivisão Policial de Umuarama, no
Noroeste do Paraná, foi depredada na madrugada desta quinta-feira (28) por centenas de pessoas que
tentavam linchar um suspeito de ter matado uma menina de seis anos. O homem foi preso na
quarta-feira (27) e teria confessado o crime.
Tabata Fabiana Crespilho Rosa, de 6 anos,
desapareceu no início da tarde de terça-feira (26), após ser deixada na esquina da escola pelo
irmão, de 13 anos. Seu corpo foi encontrado na quarta-feira (27), após a prisão do suspeito, que
indicou o local. Ele disse, aos policiais, que matou a criança asfixiada e depois enterrou.
Após a notícia da prisão de Eduardo Leonildo da Silva, de 30 anos, centenas de pessoas cercaram a
delegacia. O Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) de Maringá, a 162 quilômetros de Umuarama,
precisou ser chamado.
Antes da chegada do reforço da PM, as pessoas começaram a jogar
coisas a forçar a entrada na delegacia. A situação evoluiu a ponto de populares destruírem carros,
entre eles quatro pertencentes e veículos de imprensa e uma viatura nova da Polícia Civil.
Com a situação, os presos da delegacia, que abriga 260 detentos e tem capacidade para 64, se
rebelaram. Até a manhã desta quinta-feira (28) a situação interna da delegacia ainda não havia sido
controlada. A população jogou pedras, pedaços de pau e ferro, quebrando vidraças do prédio e
inclusive ferindo pessoas que estavam no interior da delegacia. Não há confirmação do número de
feridos.
De acordo com a polícia, alguns presos chegaram a sair das celas e circular pela
delegacia, mas teriam desistido da fuga após se depararem com a revolta da população.
Com
a chegada do reforço policial os primeiros a chegarem foram os policiais do 7º Batalhão, de
Cruzeiro do Oeste o suspeito de matar a menina foi transferido para outra cidade. Mais tarde
chegaram policiais de Campo Mourão e Maringá.
O Sindicato dos Jornalistas do Paraná, por
meio de nota, exigiu que a Secretaria de Segurança Pública, bem como a Polícia Civil investiguem o
ocorrido em Umuarama para punição dos envolvidos na depredação de carros de imprensa e coação de
jornalistas. Profissionais teriam sido ameaçados e agredidos.
A Polícia Civil informou
que paralelamente ao inquérito policial referente a prisão do suspeito autuado pela morte da menina
Tabata Fabiana Crespilho da Rosa, de 6 anos, outro inquérito policial será aberto para apurar
rigorosamente os danos causados ao patrimônio público, e também bens de terceiros que foram afetados
por atitudes incompreensíveis e inaceitáveis de vândalos que causaram enormes prejuízos à população
em geral.
Sobre o tumulto com presos na 7ª Subdivisão de Umuarama, a Polícia Civil
informou que as negociações estão em andamento.
Suspeito preso
O suspeito, Eduardo
Leonildo da Silva, foi identificado pela polícia com base em imagens de câmeras de segurança de ruas
do bairro Parque Danieli, em Umuarama, onde fica a Escola Municipal Rui Barbosa. O suspeito, que já
tinha passagem na polícia por homicídio, aparece nas imagens com um veículo Gol.
Ele
reside no Parque Danieli e seria conhecido da família da menina. A mãe de Tabata, Fernanda
Crespilho, e o padrasto, Willian, disseram que Silva é conhecido de vista e que ele teria sido
preso e recentemente solto e que depois que ele retornou da cadeia não o tinham mais visto.
Ao ser preso, ele negou ser o autor do desaparecimento de Tabata, mas depois confessou o
crime. Policiais especializados de Curitiba participaram da investigação do caso.
Em
nota, a Polícia Civil afirma que assim que tomou conhecimento do desaparecimento da criança, as
diligências se iniciaram com o apoio do Serviço de Investigações de Crianças Desaparecidas
(Sicride).
Após alguns procedimentos de investigação , a polícia identificou e prendeu o
homem suspeito pelo crime, Eduardo Leonildo da Silva, que confessou o fato, inicialmente, sem dar
detalhes.
De acordo com a polícia, o suspeito matou uma adolescente, de 15 anos, há sete
anos. Ele cumpria pena em regime semiaberto.
O assassinato de Ana Maria Rosenes foi
cometido em 2010 em Chopinzinho (PR). O criminoso conheceu a jovem, a época com 15 anos, quando ele
trabalhava em um parque de diversões.
No dia 27 de agosto de 2010, a adolescente
desapareceu, tendo seu corpo encontrado dois dias depois em um terreno baldio na cidade. A polícia
apurou que Ana foi morta a pedradas por Eduardo; Em depoimento, ele disse que cometeu o crime após
um desentendimento.
Desaparecimento
Após ser deixada pelo irmão de 13 anos, no
início da tarde, em uma padaria na esquina da Escola Municipal Rui Barbosa, no Parque Daniele, em
Umuarama, Tabata Fabiana Crespilho da Rosa não foi mais vista. Segundo a polícia, o irmão deixava a
menina na esquina colégio todos os dias.
Na noite de quarta-feira, o suspeito preso teria
indicado o local para onde o corpo da menina foi levado, na região do bairro Sonho Meu. A polícia
não divulgou o local exato para evitar tumulto. A imprensa local informou que o corpo da menina foi
levado ao Instituto Médico Legal (IML) de Campo Mourão após ser encontrado.
Umuarama já
foi palco de linchamento histórico
No dia 20 de dezembro de 1986, três assassinos confessos
foram arrancados de dentro da delegacia, linchados e queimados em praça pública. Luiz Iremar, 19,
Edivaldo Xavier de Almeida, 20, e Aurico Reis, 18, sequestraram uma jovem de 22 anos (optamos por
omitir o nome), e seu noivo, o fotógrafo Júlio César Jarros, 26, na porta da casa da mulher. Os
bandidos teriam levado as vítimas para fora da cidade, estuprado a jovem e executado Jarros a tiros.
O site OBendito relembrou o caso no ano passado.
Revoltadas, cerca de duas mil pessoas
cercaram e invadiram a delegacia. De acordo com registros da imprensa local, praticamente não houve
resistência policial e os assassinos confessos teriam sido mortos a pauladas. Os corpos arrastados
por quilômetros pela Avenida Paraná até chegar à praça Miguel Rossafa, onde foram molhados com
gasolina e queimados.
Uma atitude de Edivaldo, durante a reconstituição, teria sido
determinante para despertar o desejo coletivo de vingança. Ao ser indagado sobre a forma como matara
o fotógrafo, Edivaldo teria dito ironicamente: Por que não me dão um revólver carregado (que eu
mostro)?
O caso ganhou repercussão nacional. A revista Veja descreveu assim o contexto
do linchamento (edição de dezembro de 1.986). Um grupo de pessoas não identificadas marchou para a
delegacia pedindo a adesão de todos que encontrava pelo caminho. Ao chegar diante da cadeia, a
multidão crescera a tal ponto que os 30 homens da PM e a meia dúzia de agentes da Polícia Civil, ali
postados para guardar os presos, deram brandos sinais de resistência. Entregues à própria fúria, os
participantes do linchamento amarraram os corpos dos mortos em automóveis e os arrastaram num
cortejo que atraiu para as janelas e calçadas mais de 5 mil pessoas. O desfile foi aplaudido. A cada
esquina aumentava o coro: Queima, queima (
). Foi o que se fez em seguida, com a ajuda de 1 litro
de gasolina e uma caixa de fósforos, além de alguns pneus para manter as chamas vivas por um
tempo. Fonte: FONTE: paranaportal.uol.com.br | FOTOS E VÍDEO: Colaboração/Repórteres da Hora