Segundo maior gerador de energia do país, sendo o maior de energia hidráulica, o Paraná é apenas o 7º gerador quando se tratam de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas).

Com geografia propícia e grande potencial, o Estado pode ver o número de PCHs se multiplicar nos próximos anos. Desde que a Aneel publicou a resolução 673/2015, que agilizou a outorga para implantação e exploração de PCHs, o Paraná foi o que mais teve unidades aprovadas: 84.

As PCHs são unidades de produção de energia elétrica menores que as usinas hidrelétricas, cuja potência é superior a 5 mil kW (kilowatt) e igual ou inferior a 30 mil kW, com área de reservatório de até 13 km², excluindo a calha do leito regular do rio.

Atualmente são 29 PCHs em operação no estado, que têm juntas 273,6 mil kW de potência instalada – apenas 1,64% de toda a geração de energia em solo paranaense. Existem ainda 59 CGHs (Central Geradora Hidrelétrica) – menores –, que geram 0,38% do total, de acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

As novas aprovadas
Dentre as 84 liberadas, 68 estão aptas à outorga com o DRS (Despacho de Registro de Adequabilidade do Sumário Executivo), que permite a Aneel solicitar a Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica e o interessado requerer o licenciamento ambiental junto aos órgãos competentes.

Além das 68 aptas, outras 16 PCHs já estão outorgadas, mas a construção não foi iniciada. Juntas elas têm potência para gerar 255,8 mil kW, quase o mesmo que é produzido hoje.

Segundo o IAP (Instituto Ambiental do Paraná), até o início deste ano existiam 54 solicitações de licença prévia e 14 de instalação em trâmite.

Cinco delas (duas em Mangueirinha e outras em Prudentópolis, Rio Branco do Ivaí e Laranjeiras do Sul) constavam entre 18 empreendimentos hidrelétricos cuja autorização das obras foi aprovada no fim do mês passado pela Alep (Assembleia Legislativa). O projeto de autoria do governo do Estado foi encaminhado à sanção do governador Beto Richa (PSDB) no último dia 4.

Além delas, quatro com 24,6 mil kW de potência ao todo já estão em construção: duas em Mangueirinha, uma em Castro e outra em Bom Sucesso do Sul. As obras duram em média dois anos.

Ainda existem 44 PCHs com estudos tramitando na Aneel, sendo 25 em fase de projeto.

Otimismo
Para o presidente da Abrapch (Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e Centrais Geradoras Hidrelétricas), Paulo Arbex, ainda existem muitas coisas para serem resolvidas, mas o fato da Aneel ter dado andamento ao inventário de PCHs que estava “parado” ajuda muito. “Estamos animados, acreditamos que o setor vai dar uma deslanchada, apesar da nossa principal dificuldade que ainda é a lentidão dos licenciamentos ambientais. Faltam profissionais nos órgãos para dar celeridade”, declara.

Segundo Arbex, a maioria das PCHs fazem barragens entre 0,5 m a 10m e suas áreas de alagamento são inferiores ao açudes que fazendas de pequeno e médio porte fazem, sem qualquer tipo de fiscalização.

“A única questão é que precisa ser bem feita. Afinal nossa energia é a mais limpa, mais barata e com necessidade de criar APP [Áreas de Preservação Permanente]”, explica Arbex, sobre o fato da construção da pequena hidrelétrica emitir 1/3 do carbono em relação a um parque eólico ou solar e da energia custar 65% a menos que estas concorrentes.

Outro lado
Apesar de estar entre as melhores alternativas, as PCHs nem sempre são bem-vindas.

Há três semanas, em audiência pública na Alep, agricultores familiares, comerciantes e representantes de comunidades tradicionais do Vale do Ribeira manifestarem seu descontentamento com os projetos que preveem a construção de 12 PCHs na Bacia do Rio Ribeira (9 no Rio Açungui e 3 no Rio Turvo).

Presente no encontro, o promotor de Justiça Robertson de Azevedo, do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo, sugeriu que o recebimento do ICMS Ecológico com a criação de Unidades de Conservação seria mais rentável aos municípios do que indenizações por barragens.


Fonte: FONTE: paranaportal.uol.com.br