Desde 1982, o dia 4 de junho (o último domingo) está no calendário da
Organização das Nações Unidas (ONU), sendo considerado ainda uma das mais importantes datas pela
Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC). Longe de ser um dia de celebração, é um dia de
protesto, de luto e de reflexão. É que esse é o Dia Internacional das Crianças Inocentes Vítimas de
Agressão, um problema que afeta um jovem a cada 41 minutos no Paraná.
Segundo dados da
Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), entre janeiro e agosto do ano passado foram
registrados 8.533 boletins de ocorrência acusando casos de violência contra crianças e adolescentes
no Paraná, o que dá uma média de 35 ocorrências por dia. A maioria dos casos envolvem lesão
corporal, estupro, atentado violento ao pudor e corrupção de menores e acontece dentro de casa.
Em Curitiba, o Hospital Pequeno Príncipe é referência no atendimento à criança e adolescente
vítima de violência, atendendo pacientes de até doze anos de idade. No ano passado, a instituição
registrou um crescimento de 18,2% nas ocorrências de agressão sexual contra crianças e adolescentes.
Foram 292 registros contra 247 no ano anterior, o maior número de casos desde 2013. Os casos de
violência física também registraram um salto de 28%, passando de 415 casos em 2015 para 533 em
2016.
Um dos fatores que eu acho importante tratando desse tema é que existe a
subnotificação. Então, quanto mais esse assunto é difundido, mais as pessoas notam aspectos
importantes e pode ter um aumento no número de notificações, explica o ortopedista Edílson Forlin.
Então não é necessariamente um aumento da incidência, o que também não é muito tranquilizador,
porque os números são muito altos, complementa.
O aumento no número de casos registrado
pelo hospital, inclusive, vem de encontro com os dados do Ministério da Saúde sobre internações de
jovens em todo o Paraná. Desde 2008 o número de atendimentos em que foram constatadas agressões
contra crianças e adolescentes cresceu 87%, saltando de 840 casos para 1.571 no ano passado, último
ano com dados disponíveis. A tendência, porém, é que esse número cresça ainda mais, uma vez que os
dados mais recentes ainda são preliminares.
Já com relação ao índice de óbitos
relacionados às agressões, desde 1996 um total de 976 jovens morreram no estado. Em 2015 foram 40
falecimentos, número 21,5% menos do que o registrado no ano anterior, quando 51 crianças perderam
suas vidas. O ano com maior número de registros no período foi 2007, quando o número de mortes
chegou a 70.
Como denunciar os casos de agressão
Os casos de agressão podem ser
informados anonimamente ao Disque-Denúncia Nacional, pelo número 100, ou ao Disque-Denúncia
Estadual, no 181. Também é possível buscar auxílio na sede do Nucria, na Av. Vicente Machado, 2560,
no Centro de Curitiba. Nos casos mais graves de violência, é possível pedir à Justiça uma medida
protetiva, recurso que permite a retirada da vítima do local onde é alvo da violência ou que o
acesso do agressor a essa criança seja restringido.
É importante que o denunciante forneça o
maior número de informações possíveis. Por isso, pegue todos os detalhes: local, características do
menor, a frequência com que você presencia isso, se há outras pessoas envolvidas. Tenha sempre em
mãos as características da vítima e o local em que ela se encontra. Assim que a denúncia é recebida,
é analisada, e a partir do depoimento ela é encaminhada para o órgão competente. Por isso, é
essencial também informar qual o tipo de violação (abuso, exploração ou violência física) e quem é o
autor (familiares ou terceiros).
Sinais de alerta
Sinais físicos
Manchas
no corpo; hematomas; marcas de corda, cinto, mordidas; fraturas; roupas rasgadas ou manchadas de
sangue; dificuldade para caminhar ou sentar; sangue que sai da vagina ou do ânus; dor ao urinar;
doenças sexualmente transmissíveis; gravidez precoce; roupas inadequadas ao clima; falta de
higiene.
Sinais psicológicos
Dificuldades para dormir ou sono demais; comer demais
ou de menos; cansaço; agitação; pesadelos durante a noite; agressividade ou passividade; depressão;
choro sem motivo; desconfiança; medo de ficar só ou em companhia de determinadas pessoas;
preferência pela escola a casa; fugas de casa; faltas na escola; notas baixas na escola;
dificuldades para se concentrar; uso de drogas ou álcool; prática de pequenos furtos.
Fonte: FONTE: bemparana.com.br | FOTO: Divulgação