As articulações para definir alianças e nomes de candidatos ao governo do Paraná costumavam ser intensas já no ano que antecede o pleito, seguindo até às vésperas das convenções. Mas o ano de 2017 tem outro ritmo. Embora figuras conhecidas do eleitorado já tenham se lançado na corrida ao Palácio Iguaçu, a Lava Jato e o recente “listão da Odebrecht” “paralisaram” as conversas em torno da disputa de 2018.

Dos três partidos políticos com maior representação hoje no Congresso - PMDB, PT e PSDB -, nenhum apresentou até agora um possível nome para a cadeira de chefe do Executivo paranaense. Dos três nomes que até aqui já confirmaram interesse pelo posto – Osmar Dias (PDT), Cida Borghetti (PP) e Ratinho Júnior (PSD) -, o primeiro foi citado nas delações ligadas à empreiteira Odebrecht, divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na última quarta-feira (12), e pode se tornar alvo de um processo no primeiro grau da Justiça Federal, já que não detém cargo público hoje.

Cida e Ratinho Júnior, embora não tenham aparecido no listão da Odebrecht, também pertencem a siglas implicadas na Lava Jato. Além disso, tanto Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, quanto Gilberto Kassab, ministro do governo Temer e principal cacique do PSD, foram alvos das delações da empreiteira.

As conversas sobre alianças também não seguem o ritmo dos outros anos. O atual governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), que tem Cida como vice e Ratinho Júnior no seu secretariado, também se reaproximou de Osmar Dias no ano passado. Mas o apoio da principal figura do PSDB no Paraná no pleito pode não atrair mais votos. Embora Beto Richa tenha saído fortalecido das eleições de 2016, ao ter um aliado na prefeitura de Curitiba, Rafael Greca (PMN), o tucano também se tornou alvo do listão da Odebrecht e até a candidatura ao Senado em 2018 pode não vingar.

A decisão de Beto Richa sobre sair ou não candidato a senador ainda interfere nos planos de Cida, que contava com o afastamento do tucano do Executivo no começo de 2018, devido ao prazo de desincompatibilização determinado no calendário das eleições. Candidatos ao Senado que ocupam cadeiras em governos estaduais devem se afastar para concorrer ao pleito seis meses antes do dia da votação. O afastamento permitiria que Cida assumisse a máquina administrativa, o que poderia beneficiá-la na corrida.

Os dois principais candidatos em 2010
Osmar Dias e Beto Richa foram citados por delatores da Odebrecht como beneficiários de dinheiro, não registrado, para suas campanhas eleitorais. Eles negam. Curiosamente, ambos teriam recebido dinheiro da empreiteira nas eleições de 2010, quando eram adversários nas eleições ao governo do Paraná. O tucano derrotou o ex-senador no segundo turno do pleito.

Segundo o delator Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, a campanha de Osmar teria recebido R$ 500 mil por meio de caixa 2, a pedido do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Já o delator Valter Lana Júnior, que chegou a ocupar o cargo de diretor-superintendente Sul da empreiteira, disse que o valor repassado à campanha de Beto Richa, em 2010, foi de R$ 450 mil, também como caixa 2.

O mesmo delator contou ainda que a campanha de Beto Richa à prefeitura de Curitiba, em 2008, levou R$ 100 mil da empreiteira, doados via caixa 2. Além disso, outro delator, o ex-presidente de Infraestrutura da Odebrecht Benedicto Júnior, relatou que a empreiteira doou R$ 2,5 milhões via caixa 2 à campanha de reeleição do tucano, em 2014. Em troca, a empresa “abateria” tal montante do projeto de duplicação da PR-323.

Adversários e aliados
Nas três últimas eleições gerais, a dupla, que agora figura no listão da Odebrecht, foi adversária e também aliada. Nas eleições de 2006, o então prefeito de Curitiba, Beto Richa, “saiu do muro” no segundo turno da disputa ao governo do Paraná, para dar apoio ao então candidato Osmar Dias, contra o peemedebista Roberto Requião, que venceu com números apertados.

No pleito seguinte, em 2010, Beto Richa resolveu sair candidato contra Osmar Dias, que quis novamente tentar a cadeira ao governo do estado. Curiosamente, Osmar Dias recebeu o apoio de Roberto Requião (PMDB), em uma aliança também com o PT da senadora Gleisi Hoffmann. Um segundo turno foi travado e o tucano saiu vencedor.

Em 2014, Richa foi reeleito ainda no primeiro turno, derrotando Requião e Gleisi, que contava com o apoio de Osmar Dias.


Fonte: FONTE: gazetadopovo.com.br | FOTO: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo / Arquivo