As lideranças empresariais do Sudoeste,
capitaneadas pela Coordenadoria das Associações Empresariais do Sudoeste (Cacispar), estão
cautelosas em relação ao processo de privatização da PR 280. Num primeiro momento, quando o debate
foi lançado como alternativa, havia uma corrente maior de simpatia, acreditando-se que poderia ser a
solução para a rodovia que está sucateada e gera prejuízos à logística do Sudoeste.
Após estudos mais
técnicos do projeto, pelo menos parte da classe empresarial começou a mudar de visão, temendo a
inviabilização de alguns setores da economia e, no mínimo, enorme perda de competitividade. A
análise é compartilhada pelo empresário Daniel Cattani, que integra a comissão de estudo permanente
formada para acompanhar o projeto do Governo do Estado.
"Setores como o transporte de passageiros da região teriam um impacto inicial de até R$
150 mil mensais e poderiam repassar apenas 30% deste custo para os usuários", afirmou Cattani, que
também é diretor de empresa de transportes coletivos. Estes custos tornariam muitas empresas pouco
ou nada competitivas no mercado e poderiam significar a falência, na realidade atual, da economia
sudoestina. "É preciso garantir um estudo profundo e ter clareza dos impactos que a economia
regional vai sofrer com a privatização da rodovia PR 280", argumentou Cattani, que foi vice-prefeito
de Pato Branco de 2013 a 2016.
Formas de
atuação
Existem duas linhas de atuação propostas pela comissão de estudo permanente da
Cacispar e das entidades envolvidas. Num primeiro momento, será encaminhado um ofício ao governador
Beto Richa (PSDB) para a retomada imediata das ações de recuperação da PR 280.
O segundo ponto
seria o estudo da recuperação da malha viária de toda a região. E num terceiro ponto, este sem
negociação, se o pedágio for inevitável, que se faça a reforma total da rodovia para um pedágio de
"manutenção", que seria praticamente a metade dos R$ 6 propostos preliminarmente até agora, algo em
torno de no máximo R$ 3 por praça.
A comissão
permanente vai agora tomar as medidas para solicitar ao governo uma posição oficial sobre o processo
de privatização. "É fato que da forma como está, a sociedade civil organizada no Sudoeste não aceita
a privatização", finalizou Daniel Cattani.
O
presidente da Cacispar, Jair dos Santos, diz que esta preocupação com os valores não é apenas do
Sindicato das Empresas de Transportes Coletivos do Sudoeste do Paraná (Rodosul), que é representado
na comissão por Daniel Cattani.
Há outras
entidades dos transportes de cargas e do setor produtivo que também estão preocupadas com a proposta
de privatização da PR 280 e compõem a comissão. "Todo mundo está engajado no mesmo processo",
salientou Jair.
Para o presidente da Cacispar,
o impacto não será só sobre o setor de transporte. "Quando onera o transporte, os custos são
repassados para outras empresas também", argumentou. Por isso, os demais setores acabam impactados
pelo aumento dos custos. *Colaborou Flavio Pedron.
O
Corredor Sudoeste
A proposta de privatização do Corredor Sudoeste prevê a inclusão de um
trecho de aproximadamente 280 quilômetros entre Realeza e Palmas. Na proposta - apresentada em
audiências públicas em dezembro passado -, são seis praças de pedágio: Realeza, Ampere, Francisco
Beltrão, Renascença, Clevelândia e Palmas. Foram incluídas nesta proposta do Corredor Sudoeste as
rodovias PR 182, 483, 180 (parte dela) e 280.
Os investimentos em melhorias e obras chegariam a
R$ 3 bilhões.
Fonte: FONTE: jornaldebeltrao.com.br