Assessoria - O deputado estadual Nelson Luersen (PDT) defendeu, em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, a realização de um plebiscito sobre a implantação do pedágio na PR-280, no Sudoeste do Paraná. Para Luersen, essa seria a forma mais democrática de ouvir a opinião da população sobre o modelo a ser implantado e o impacto da concessão na economia da região.
Na semana passada, o parlamentar participou de audiências públicas em Pato Branco e Francisco Beltrão, nas quais o governo do Estado e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR), apresentaram a proposta de concessão à iniciativa privada por 25 anos do trecho entre Realeza (Marmelândia) e Palmas (Trevo de Horizonte). Segundo Luersen, a tarifa cobrada pela proposta do DER deverá ser de até R$ 11,50 a cada 100 quilômetros para automóvel ou por eixo de veículo de carga.
“Ao final das duas audiências públicas, pudemos perceber que a população saiu com muitas dúvidas e na sua grande maioria, insatisfeita com o preço da tarifa, que é quase igual à do Anel de Integração”, alerta o deputado. “Sem contar que de Pato Branco a Marmelândia nós teremos quatro praças de pedágio em um trecho de 140 quilômetros. E no outro trecho de 144 quilômetros de Palmas até Pato Branco teremos mais duas praças de pedágio. Se for dividido por praça de pedágio, de Pato Branco a Realeza, o usuário irá pagar mais de R$ 15 a cada 100 quilômetros. Se for dessa maneira, será um verdadeiro absurdo”, afirma.
De acordo com a proposta do governo, inicialmente o trecho seria recuperado com melhora da sinalização e se inicia a cobrança com seis praças de pedágio. Posteriormente, do segundo ao vigésimo ano de concessão, seriam realizadas as obras estruturais na rodovia, como terceiras pistas, lombadas eletrônicas, pontos de ônibus, remodelação de trevos e pontes, construção de trevos em nível e desnível, contornos, desvio do perímetro urbano de Marmeleiro e outras obras. “Nesse modelo apresentado pelo DER, o usuário irá pagar 100% do investimento, sem contrapartida do concedente por um período de 25 anos”, explica Luersen.
O deputado lembrou que a PR-280 é a rodovia mais importante do Sudoeste, e principal ligação do Sul do Brasil com a região Centro-Oeste e a Argentina. “Hoje temos duas praças de pedágio para chegar a Paranaguá vindo de Palmas. No futuro, quem sair de Marmelândia em Realeza terá oito praças de pedágio para chegar a Paranaguá”, destacou Luersen.
“Sem contar que existe um projeto de implantação de pedágio da ‘Rodovia do Frango’, que vai de Chapecó até a Lapa. Do Horizonte até a Lapa teríamos pelo menos mais três praças de pedágio. Se isso acontecer, teremos onze praças de pedágio. Isso será insuportável para o setor produtivo da região, que perderá competitividade”, apontou o parlamentar, lembrando ainda que com a tarifa alta, os caminhões do Oeste do Paraná e do Centro Oeste brasileiro não passarão mais pela rodovia, pois tenderiam a procurar caminhos alternativos. “Com a redução do movimento, as tarifas terão que ser elevadas, prejudicando os usuários”, afirma ele.
Luersen fez um apelo ao governador Beto Richa (PSDB) para que analise muito bem o projeto antes de tomar qualquer decisão. E que ouça a população e a sociedade. “Quem sabe através de um plebiscito, que seria a forma mais democrática. Como representante de parte da população da região, me preocupa muito o risco de isolamento da economia dos municípios”, aponta o parlamentar.
O deputado defendeu ainda a realização de estudos sobre a possibilidade de implantação da concessão através de uma Parceria Público-Privada, o que ajudaria a reduzir o valor final da tarifa. “Poderíamos estipular a participação do governo na ordem de 30% a 40% na recuperação da rodovia. E conforme as obras fossem sendo feitas, começasse a instalação das praças do pedágio. E as futuras obras teriam que ser aprovadas pela Agepar e o DER. Teríamos um gatilho. Com a parceria, eu acredito que poderíamos reduzir a tarifa em 35% e teríamos um custo razoável”, explicou.