JB - A população de Nova Prata do Iguaçu ficou apavorada com a ação de marginais sexta-feira, 31, durante um assalto a banco. Os bandidos chegaram por volta das 12h30, renderam policiais militares, invadiram a agência do Banco do Brasil e iniciaram um grande tiroteio no centro da cidade. Um dos assaltantes foi morto com um tiro na cabeça. Eles estavam fortemente armados, com pistolas e fuzis, usavam luvas, coletes à prova de bala e toucas balaclavas para esconder o rosto.
Segundo o cabo Gilmar Stefainski, comandante do destacamento da Polícia Militar, os marginais surpreenderam um policial militar quando recém tinha almoçado e estava embarcando na viatura, bem em frente ao banco, daí atravessaram a rua e invadiram a agência bancária.
O criminoso morto foi identificado como Gustavo Camargo Antunes, 21 anos, de Curitiba, que levou um tiro na cabeça. O disparo foi feito por um policial militar que estava à cerca de 60 metros de distância. Com um único tiro de pistola ele abateu o bandido que estava de posse de um fuzil.
Eles agiram de forma organizada. Enquanto um grupo invadiu o prédio, pelo menos dois assaltantes ficaram do lado de fora para dar cobertura. Dentro da agência, renderam os guardas, fizeram vários disparos de arma de fogo para quebrar os vidros, mandaram clientes e funcionários se agachar e foram em busca de dinheiro. "Disparam várias vezes, contra outros veículos que passavam próximo. Qualquer carro que eles suspeitassem que fossem policiais de folga, disparavam vários tiros", disse Gilmar. De acordo com ele, foram levadas duas pistolas dos dois policiais e os dois revólveres dos dois guardas.
Policiais que estavam de férias ou folga foram acionados para dar apoio. Quando o reforço chegou, houve troca de tiros e mais um dos policiais acabou sendo rendido. Houve certa confusão nesse momento, porque o bandido estava com o colete da PM. "Os policiais pensaram que pudesse ser um policial da Rotam, quando na verdade era um dos assaltantes, que estava usando colete que tinha sido retirado do primeiro policial dominado", falou o tenente coronel Samir Wassouf, comandante do 21º BPM.
Momentos de terror
O funcionário público Divo Malacarne estava no caixa do banco no momento do assalto. "Entraram em dois, deram vários tiros e pediram pelo gerente. Dava para perceber que eles eram muito calmos. Quando começou os disparos, trouxeram os reféns para fora. Tinha um deles que dava ordens para os demais." Divo foi usado como escudo de um dos marginais na hora da troca de tiros. "Foram momentos de terror." Quando o bandido foi morto, um dos integrantes do bando se revoltou e disse "um vai ter que morrer para compensar, só que nessa hora outro saiu de dentro do banco com os malotes de dinheiro, então eles optaram por fugir"
Crime planejado
Conforme Stefainski, os criminosos sabiam que o carro forte tinha descarregado dinheiro há cerca de uma hora. "Eles se evadiram em um automóvel Idea branco levando dois policiais, um guarda e um cliente como reféns. Cerca de quatro a cinco quilômetros em direção a Capitão Leônidas Marques liberaram as pessoas e fugiram."
Todos os policiais da região iniciaram buscas para capturar os criminosos. "São bandidos com capacidade de se manterem calmos em uma situação bastante complicada e que não dão valor à vida de ninguém, porque muitos tiros foram disparados", reforçou o cabo Stefainski. A polícia vai investigar se é o mesmo bando que praticou um assalto no banco Itaú há menos de 60 dias.
Treinamento
O tenente Agnaldo Cesar Pereira, comandante da 2ª Cia da PM de Dois Vizinhos, reforçou a importância do treinamento constante dos policiais. Segundo disse, durante a semana houve curso de tiro e o policial que fez o disparo e matou o sujeito participou da capacitação.
Medo na população
O proprietário do restaurante que fica em frente ao Banco do Brasil, Ronaldo Rosa, salientou que foi um alvoroço quando começaram os disparos. "Eu tinha 80 pessoas aqui dentro, todo mundo correu e se escondeu onde pôde. Uns foram para o banheiro, uns 15 subiram o sobrado onde eu moro, que fica aqui ao lado, e estavam escondidos na cozinha da minha casa. Eu só me preocupei com as minhas filhas e depois corri fechar o portão da garagem, porque fiquei com medo que eles pudessem levar a caminhoneta que estava ali estacionada." Ronaldo disse que as pessoas estão assustadas, pois é o segundo assalto contra banco em dois meses. "A gente fica com medo, mas temos que continuar trabalhando e vivendo a vida, não dá para viver escondido".

Legenda: Ao longo da tarde uma multidão se postou em frente da agência do banco assaltado em Nova Prata. (Foto Jornal de Beltrão).