G1 – A presidência da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) informou que a sessão suspensa após uma invasão de servidores estaduais em greve não será retomada nesta terça-feira (10). O presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), afirmou que se reunirá com as lideranças dos demais partidos na manhã desta quarta-feira (11) para definir como será feita a continuidade da sessão interrompida.
No momento da invasão, os parlamentares haviam acabado de aprovar manobra regimental que permitiria que o pacotaço apresentado pelo governador Beto Richa (PSDB) tramitasse em apenas um dia pela Casa. A sessão foi suspensa e os deputados se retiraram do Plenário.
Como não foi encerrada, a sessão pode ser retomada do ponto em que foi interrompida.
Greve
A paralisação dos professores da rede estadual é de 100% da categoria, desde segunda-feira. No protesto desta terça, eles receberam apoio de servidores de outras áreas, que também podem ser afetados pelo pacote de medidas.
Eles fizeram fila para acompanhar a sessão na Alep. Segundo a Polícia Militar (PM), a manifestação do funcionalismo público reuniu de sete a dez mil pessoas no Centro Cívico. Um acordo entre o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) definiu que alguns servidores seriam liberados para acompanhar a sessão.
Boa parte dos manifestantes que ocuparam a Alep afirmaram que iriam permanecer no local a noite toda. Algumas das barracas que estavam na praça foram transferidas para o jardim da Assembleia, outras foram para os corredores e rampas. Manifestantes que haviam se programado para dormir em ônibus acabaram optando pelas poltronas do parlamentares.
"Nesse momento é necessário que o governo volte atrás. Enquanto isso não acontecer vamos permanecer aqui. Eles vão ver a força que a educação tem", disse a professora de sociologia Cleci Martins, que veio de Cascavel para participar do movimento.
Depois de 12 horas de viagem desde Laranjeiras do Sul, o professor de matemática Giovani Vieira montou sua barraca no corredor que dá acesso ao Plenário. "Vamos ficar aqui. Temos esperança de conseguir reverter esta situação". A administração da Assembleia chegou a desligar o ar-condicionado, para desestimular a ocupação, mas não obteve êxito.
Os servidores protestam contra um pacote de medidas do governo estadual que, entre outros itens, afeta a carreira dos professores. Entre as exigências dos trabalhadores da Educação estão o pagamento de benefícios atrasados e a reabertura dos turnos fechados no fim de 2014. "Nós vamos ocupar a assembleia ate que o projeto seja retirado", afirmou o presidente da APP Sindicato, Hermes Leão.
Pacotaço
Uma reunião entre o governo e 37 deputados estaduais foi realizada na noite de segunda-feira. Três itens do pacote de medidas, que propõe mudanças nos benefícios do funcionalismo público por meio de dois projetos de lei, foram alterados. Os benefícios serão mantidos e o plano de carreira dos servidores da educação não será alterado. Também no acordo, o governo decidiu não suspender o quinquênio e anuênio, que assegura reajustes automáticos a todo o funcionalismo.
O auxílio transporte para servidores do magistério que estejam afastados do trabalho e o direito a licenças, cuja concessão caberá exclusivamente ao secretário estadual da Educação ou diretor-geral da pasta, também será mantido, assim como o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) para promoção e progressões.
O pacote de medidas do Governo do Paraná foi apresentado aos deputados estaduais em regime de urgência no dia 4 de fevereiro e visa equilibrar as finanças do estado. O “pacotaço”, como é chamado, faz parte da segunda etapa de um ajuste fiscal que começou em 2014, com o aumento da alíquota de impostos.

Fernando Castro e Sabrina Coelho do G1 PR

Fotos: Sabrina Coelho / G1).