Agência Brasil - Durante discurso para cerca de 40 mil idosos na Praça de São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco disse ontem (28) que nem todos os avôs e avós têm uma família pronta para os acolher e, nesse caso, os abrigos e institutos para idosos são bem-vindos, desde que sejam realmente casas e não prisões. Não podem existir centros onde os anciãos vivam esquecidos e escondidos, afirmou.
O papa também ressaltou que os lares precisam ser realmente para os idosos e não para os interesses de alguém. As residências devem ser pulmões da humanidade em um país, bairro ou em uma paróquia. Devem ser santuários de humanidade onde quem é velho e débil é cuidado como um irmão mais velho, acrescentou.
Segundo Francisco, um povo que não cuida dos seus idosos, dos seus avós, e os maltrata, é um povo sem futuro, pois perde a memória e vive separado das próprias raízes. Uma das coisas mais bonitas em uma família é poder acariciar uma criança e deixar-se acariciar pelo avô ou pela avó, disse.
O pontífice encerrou pedindo aos homens e mulheres para que construam com paciência uma sociedade diversa, mais acolhedora, mais humana e mais inclusiva. No início de seu discurso, Francisco agradeceu a presença do papa emérito Bento XVI. Eu disse tantas vezes que gostaria que ele habitasse aqui no Vaticano porque a sua presença é como ter um avó sábio em casa. Obrigado.
No Brasil, há vários casos de denúncias contra casas de acolhimento de idosos. De acordo com o Censo Suas (Sistema Único da Assistência Social), existiam em 2013, em todo o país, 1.167 instituições de acolhimento cadastradas, que recebiam 44.416 pessoas idosas. De acordo com o Suas, cabe aos estados o acompanhamento do desenvolvimento da gestão do sistema e, consequentemente, os serviços socioassistenciais aos municípios.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, em caso de denúncias, os gestores são notificados e devem prestar esclarecimentos. Os conselhos de Assistência Social são informados para que possam exercer o controle social da política pública, conforme estabelecido na Política Nacional de Assistência Social.
Em julho passado, em Águas Lindas (GO), no Entorno do Distrito Federal, cinco abrigos foram interditados por maus-tratos a idosos e cinco funcionários foram presos. Na ocasião, a juíza Célia Regina Lara determinou a transferência, para os cuidados da prefeitura, dos cerca de 70 idosos e internos, dentre os quais jovens com problemas mentais e dependentes químicos.
O papa Francisco criticou os centros assistenciais onde os idosos são abandonados. Na foto, abrigo interditado pela polícia em Águas Lindas de GoiásValter Campanato/Agência Brasil.